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Estabilizantes, edulcorantes, acidulantes. Você sabe o que são essas substâncias? Mesmo que a resposta seja negativa, você certamente já as ingeriu alguma vez na vida: são alguns dos aditivos químicos adicionados a alimentos ultraprocessados. Segundo um estudo realizado no Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), quatro em cada cinco alimentos vendidos nos supermercados brasileiros possuem pelo menos um aditivo entre seus ingredientes¹.

Ainda que os fabricantes indiquem a presença de aditivos nos rótulos dos alimentos, é muito difícil para os consumidores saberem o quanto estão ingerindo. O consumo frequente está associado a uma série de doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, obesidade e câncer²-³.

 

O que são aditivos e como identificá-los?

 

Os aditivos são qualquer ingrediente adicionado a um produto sem o propósito de nutrir. Suas funções são: estender a validade dos alimentos, substituir ingredientes naturais e adicionar cor, sabor, aroma e textura para torná-los gostosos e atraentes⁴.

No estudo da UERJ, os pesquisadores chegaram a encontrar 35 tipos diferentes de aditivos em apenas um item de panificação¹.

Os alimentos nos quais foram encontrados os maiores percentuais de aditivos químicos, em relação ao total de ingredientes, foram: bebidas com sabor de frutas (79,7%); refrigerantes (74,5%); outras bebidas, como aquelas à base de soja e chás prontos para consumo (57,3%); produtos lácteos não adoçados (51,1%); néctares (49,7%); e produtos lácteos adoçados (45,6%)¹.

Uma maneira fácil de identificar se um alimento é ultraprocessado e, consequentemente, contém aditivos, é checar a lista de ingredientes. A presença de muitos componentes (geralmente cinco ou mais), especialmente aqueles com nomes não familiares, indica que o produto pertence à categoria de alimentos ultraprocessados. Alguns exemplos desses ingredientes incluem gordura vegetal hidrogenada, xarope de frutose, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes e realçadores de sabor⁴.

Uma medida que tem facilitado a identificação desses produtos é o novo padrão de rotulagem de alimentos e bebidas industrializados, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que entrou em vigor em outubro de 2022⁵.

As embalagens devem apresentar um selo frontal com um símbolo de lupa, indicando se o alimento possui altos teores de açúcar, gordura e sódio. O objetivo é facilitar a compreensão do consumidor sobre a composição de ingredientes prejudiciais à saúde e auxiliá-lo a fazer escolhas alimentares mais conscientes⁵.

 

Consumo de alimentos com aditivos químicos prejudica a saúde

 

Uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados é muito prejudicial à saúde. Além de serem nutricionalmente desbalanceados, ou seja, pobres em fibras, vitaminas e minerais, os aditivos químicos presentes nestes alimentos podem desregular a flora intestinal e aumentar o risco de distúrbios metabólicos e doenças inflamatórias, como a obesidade⁶.

Segundo uma pesquisa publicada em 2020, pessoas que consomem ultraprocessados com frequência possuem um risco 26% maior de desenvolver obesidade⁷. Outra pesquisa, também de 2020, concluiu que o consumo excessivo desses alimentos está associado ao sobrepeso e obesidade (39%), circunferência maior da cintura (39%), níveis baixos de colesterol “bom”, o HDL (102%), e síndrome metabólica (79%)².

Além disso, os aditivos químicos presentes nestes alimentos podem gerar efeitos tóxicos e contribuir para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer⁸.

 

Invista em uma alimentação equilibrada

 

Consumir alimentos ultraprocessados não é proibido: o importante é ter bom senso e equilíbrio. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, os alimentos in natura ou minimamente processados são a base de uma alimentação nutricionalmente balanceada⁴.

Na dúvida, pense na regra “descasque mais e desembale menos”. Não troque a comida caseira (como arroz, feijão, sopas, saladas, refogados de legumes e verduras, macarronada etc.) por produtos que dispensam preparação culinária (como sopa de pacote, macarrão instantâneo, molhos industrializados, misturas para bolos, entre outros)⁴.

Nem sempre é fácil fazer escolhas alimentares adequadas sem ajuda profissional. Para isso, é importante contar com um nutricionista sempre que possível. Esse profissional irá auxiliar na elaboração de um plano alimentar individualizado, levando em consideração preferências alimentares, aspectos financeiros e estilo de vida, com foco em melhorar a saúde e garantir qualidade de vida.

 

Saiba mais:

Referências:
1. Montera V. Caracterização de aditivos alimentares em rótulos de alimentos e bebidas comercializados em supermercados brasileiros. Rio de Janeiro. Tese (Doutorado) – Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); 2021. 2. Pagliai G, Dinu M et al. Consumption of ultra-processed foods and health status: a systematic review and meta-analysis. Br J Nutr. 2021 Feb 14;125(3):308-318. 3. Leijoto KMT, Custódio LM et al. Análise de rótulos de alimentos ultraprocessados, congelados e prontos para o consumo: composição nutricional e presença de aditivos alimentares. Rev Bras Obes Nutr Emagr. 2022;16(104):918-938. 4. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em março de 2024. 5. Instrução Normativa-In nº 75, de 8 de outubro de 2020. Estabelece os requisitos técnicos para declaração da rotulagem nutricional nos alimentos embalados. Diário Oficial da União. 9 out 2020. Disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-in-n-75-de-8-de- outubro-de-2020-282071143 . Acesso em março de 2024. 6. Chassaing B, Koren O et al. Dietary emulsifiers impact the mouse gut microbiota promoting colitis and metabolic syndrome. Nature. 2015 Mar 5;519(7541):92-6. 7. Askari M, Heshmati J et al. Ultra-processed food and the risk of overweight and obesity: a systematic review and meta-analysis of observational studies. Int JObes (Lond). 2020 Oct;44(10):2080-2091. 8. Chang Kiara, Gunter MJ et al. Ultra-processed food consumption, cancer risk and cancer mortality: a large-scale prospective analysis within the UK Biobank. eClinicalMedicine 2023 Jan 31;56:101840.

 

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BR24OB00099 - Maio/2024 - Material destinado ao público em geral.

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