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O que você pensa quando ouve a palavra “autocuidado”? Se o que veio à sua mente foi o ritual de acender uma vela enquanto faz uma máscara facial, saiba que não está errado, porém é muito mais do que isso. Práticas de autocuidado não se resumem à estética e, acredite, podem ajudar no tratamento da obesidade!

Autocuidado, segundo a OMS, é a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades de manter a sua própria saúde, prevenir doenças e lidar com enfermidades e deficiências¹. Isso não significa cuidar de si mesmo sem buscar ajuda médica ou de outros profissionais, mas agir de forma intencional a favor da própria saúde.

Quando as pessoas mantêm uma rotina de autocuidado, observa-se a busca por hábitos saudáveis e qualidade de vida. Consequentemente, as medidas adotadas geram mais saúde física, mental e emocional, além de melhorar a produtividade, os relacionamentos interpessoais, a autoconfiança e a autoestima²

 

Autocuidado em doenças crônicas

 

A obesidade é uma doença crônica, por isso, seu tratamento é contínuo, de longo prazo. Gerenciá-la requer confiança para lidar com a condição, o que inclui saber identificar seus sintomas e gatilhos, compreender as suas implicações e ajustar comportamentos de forma adequada³.

De acordo com o Ministério da Saúde, o autocuidado para quem tem uma condição crônica tem três grandes pilares, que podem ser desenvolvidos ao longo do tempo4. O primeiro é o controle do quadro em si, que envolve o conhecimento sobre a doença, e o uso de medicamentos (quando prescrito pelo médico). O segundo tem a ver com comportamento: são as mudanças necessárias no estilo de vida, com foco em manter os novos hábitos⁴.

O terceiro, e último, são as questões emocionais. Sentimentos de raiva, frustração, estresse, tristeza, cansaço físico e emocional, entre outros, precisam ser abordados e trabalhados⁴.

 

Como praticar o autocuidado?

 

De forma geral, é possível inserir algumas práticas de autocuidado na rotina. Pequenos hábitos promovem mudanças significativas e ainda ajudam no tratamento da obesidade²-⁵-⁶. Conheça alguns deles.

Nutrir o corpo:


• Planeje suas refeições com antecedência e prepare pratos bem coloridos e balanceados;
• Ao cozinhar, reduza o consumo de industrializados e dê preferência aos alimentos in natura. Lembre-se da frase “descasque mais e desembale menos”;
• Alimente-se com atenção plena (mindful eating): sente-se à mesa, mastigue lentamente e preste atenção aos diferentes sabores, cheiros, cores e texturas dos alimentos.

Movimentar-se:


• Participe de uma aula experimental e aprenda um novo esporte. Pode ser yoga, vôlei, pilates, hidroginástica, aula de dança etc. – o que importa é descobrir algo que você realmente goste;
• Faça um passeio ao ar livre, sozinho ou acompanhado. Se for a um parque, aproveite para caminhar, fazer um piquenique com lanchinhos saudáveis ou ler um livro;
• Movimente-se ao longo dia: prefira as escadas ao elevador, leve seu pet para passear, vá a pé a lugares próximos de sua casa ou trabalho, como padaria, feira e mercado.

Cuidar da saúde mental:


• Permita-se sentir todas as emoções, mesmo as negativas, e encontre formas de expressar seus sentimentos. Algumas ideias são: pintar, escrever, cantar, dançar etc. Porém, não deixe de procurar ajuda de um profissional da saúde para conversar sobre estes sentimentos;
• Conecte-se com pessoas que te fazem bem e que apoiem os seus esforços para perder peso. Essa rede de apoio pode vir em forma de aconselhamento, objetivos semelhantes e interesses compartilhados. Um exemplo é ter pessoas com quem você possa compartilhar receitas saudáveis ou praticar atividades físicas em grupo;

Priorizar boas noites de sono:


• Desligue as telas, como celulares e televisão, pelo menos uma hora antes de dormir;
• Evite comer alimentos muito pesados no jantar (como excesso de gorduras, carboidratos, açúcares ou cafeína), pois isso pode sobrecarregar o sistema digestivo e atrapalhar o descanso;
• Experimente ir dormir um pouco mais cedo do que de costume para garantir uma noite de sono satisfatória.

Obesidade requer tratamento especializado

As práticas de autocuidado sugeridas são coadjuvantes e não substituem o tratamento com profissionais da saúde. A obesidade é uma doença multifatorial e o tratamento é complexo.

As chances de sucesso são muito maiores quando você possui a assistência de uma equipe multidisciplinar, composta por médico, psicólogo e/ou psiquiatra, nutricionista e educador físico. Comece com um profissional que possa fazer o diagnóstico e, aos poucos, adicione as demais especialidades, conforme a sua necessidade⁷.

 

Saiba mais:

Referências:
1. World Health Organization (WHO). Self-care interventions for health. Disponível em https://www.who.int/health-topics/self-care#tab=tab_1. Acesso em março de 2024. 2. Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor (CASS) do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Autocuidado e qualidade de vida. Disponível em https://prodi.ifes.edu.br/images/stories/Autocuidado_e_Qualidade_de_Vida.pdf . Acesso em março de 2024. 3. Sunol R, González-González AI et al. Self-management interventions for adults living with obesity to improve patient-relevant outcomes: An evidence map. Patient Educ Couns. 2023 May;110:107647. 4. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf . Acesso em março de 2024. 5. Nelson JB. Mindful Eating: The Art of Presence While You Eat. Diabetes Spectr.2017 Aug;30(3):171-174. 6. Associacao Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica(Abeso). 7 dicas para não perder a motivação durante o processo de emagrecimento. Disponível em https://abeso.org.br/7-dicas-para-nao-perder-amotivacao- durante-o-processo-de-emagrecimento/ . Acesso em março de 2023. 7. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884.

 

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