Obesidade é fator de risco para problemas de circulação
A obesidade é uma doença associada a mais de 200 complicações, como problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
O que você pensa quando ouve a palavra “autocuidado”? Se o que veio
à sua mente foi o ritual de acender uma vela enquanto faz uma máscara
facial, saiba que não está errado, porém é muito mais do que isso.
Práticas de autocuidado não se resumem à estética e, acredite, podem
ajudar no tratamento da obesidade!
Autocuidado, segundo a
OMS, é a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades de manter a
sua própria saúde, prevenir doenças e lidar com enfermidades e
deficiências¹. Isso não significa cuidar de si mesmo sem buscar ajuda
médica ou de outros profissionais, mas agir de forma intencional a
favor da própria saúde.
Quando as pessoas mantêm uma
rotina de autocuidado, observa-se a busca por hábitos saudáveis e
qualidade de vida. Consequentemente, as medidas adotadas geram mais
saúde física, mental e emocional, além de melhorar a produtividade, os
relacionamentos interpessoais, a autoconfiança e a autoestima²
A obesidade é uma doença crônica, por isso, seu tratamento é
contínuo, de longo prazo. Gerenciá-la requer confiança para lidar com
a condição, o que inclui saber identificar seus sintomas e gatilhos,
compreender as suas implicações e ajustar comportamentos de forma
adequada³.
De acordo com o Ministério da Saúde, o
autocuidado para quem tem uma condição crônica tem três grandes
pilares, que podem ser desenvolvidos ao longo do tempo4. O primeiro é
o controle do quadro em si, que envolve o conhecimento sobre a doença,
e o uso de medicamentos (quando prescrito pelo médico). O segundo tem
a ver com comportamento: são as mudanças necessárias no estilo de
vida, com foco em manter os novos hábitos⁴.
O terceiro,
e último, são as questões emocionais. Sentimentos de raiva,
frustração, estresse, tristeza, cansaço físico e emocional, entre
outros, precisam ser abordados e trabalhados⁴.
De forma geral, é possível inserir algumas práticas de autocuidado
na rotina. Pequenos hábitos promovem mudanças significativas e ainda
ajudam no tratamento da obesidade²-⁵-⁶. Conheça alguns deles.
Nutrir o corpo:
• Planeje suas refeições com antecedência e prepare pratos bem
coloridos e balanceados;
• Ao cozinhar, reduza o consumo de
industrializados e dê preferência aos alimentos in natura. Lembre-se
da frase “descasque mais e desembale menos”;
• Alimente-se com
atenção plena (mindful eating): sente-se à mesa, mastigue lentamente e
preste atenção aos diferentes sabores, cheiros, cores e texturas dos
alimentos.
Movimentar-se:
• Participe de uma aula experimental e aprenda um novo esporte.
Pode ser yoga, vôlei, pilates, hidroginástica, aula de dança etc. – o
que importa é descobrir algo que você realmente goste;
• Faça um
passeio ao ar livre, sozinho ou acompanhado. Se for a um parque,
aproveite para caminhar, fazer um piquenique com lanchinhos saudáveis
ou ler um livro;
• Movimente-se ao longo dia: prefira as escadas
ao elevador, leve seu pet para passear, vá a pé a lugares próximos de
sua casa ou trabalho, como padaria, feira e mercado.
Cuidar da saúde mental:
• Permita-se sentir todas as emoções, mesmo as negativas, e
encontre formas de expressar seus sentimentos. Algumas ideias são:
pintar, escrever, cantar, dançar etc. Porém, não deixe de procurar
ajuda de um profissional da saúde para conversar sobre estes
sentimentos;
• Conecte-se com pessoas que te fazem bem e que
apoiem os seus esforços para perder peso. Essa rede de apoio pode vir
em forma de aconselhamento, objetivos semelhantes e interesses
compartilhados. Um exemplo é ter pessoas com quem você possa
compartilhar receitas saudáveis ou praticar atividades físicas em
grupo;
Priorizar boas noites de sono:
• Desligue as telas, como celulares e televisão, pelo menos uma
hora antes de dormir;
• Evite comer alimentos muito pesados no
jantar (como excesso de gorduras, carboidratos, açúcares ou cafeína),
pois isso pode sobrecarregar o sistema digestivo e atrapalhar o
descanso;
• Experimente ir dormir um pouco mais cedo do que de
costume para garantir uma noite de sono satisfatória.
Obesidade requer tratamento especializado
As práticas de autocuidado sugeridas são coadjuvantes e
não substituem o tratamento com profissionais da saúde. A obesidade é
uma doença multifatorial e o tratamento é complexo.
As chances de
sucesso são muito maiores quando você possui a assistência de uma equipe multidisciplinar, composta por médico,
psicólogo e/ou psiquiatra, nutricionista e educador físico. Comece com
um profissional que possa fazer o diagnóstico e, aos poucos, adicione
as demais especialidades, conforme a sua necessidade⁷.
Referências:
1. World Health Organization (WHO). Self-care interventions for
health. Disponível em
https://www.who.int/health-topics/self-care#tab=tab_1. Acesso em março
de 2024. 2. Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor (CASS) do
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Autocuidado e qualidade de
vida. Disponível em
https://prodi.ifes.edu.br/images/stories/Autocuidado_e_Qualidade_de_Vida.pdf
. Acesso em março de 2024. 3. Sunol R, González-González AI et al.
Self-management interventions for adults living with obesity to
improve patient-relevant outcomes: An evidence map. Patient Educ
Couns. 2023 May;110:107647. 4. Ministério da Saúde. Estratégias para o
cuidado da pessoa com doença crônica. Disponível em
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf
. Acesso em março de 2024. 5. Nelson JB. Mindful Eating: The Art of
Presence While You Eat. Diabetes Spectr.2017 Aug;30(3):171-174. 6.
Associacao Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome
Metabólica(Abeso). 7 dicas para não perder a motivação durante o
processo de emagrecimento. Disponível em
https://abeso.org.br/7-dicas-para-nao-perder-amotivacao-
durante-o-processo-de-emagrecimento/ . Acesso em março de 2023. 7.
Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity
treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884.