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Sobrepeso também faz mal a saúde

Quando se fala em sobrepeso e obesidade, é comum confundir os conceitos e considerá-los sinônimos para a mesma situação. Porém, eles se referem a condições distintas e é importante diferenciá-las para entender melhor as suas consequências para o organismo.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Quando se fala em sobrepeso e obesidade, é comum confundir os conceitos e considerá-los sinônimos para a mesma situação. Porém, eles se referem a condições distintas e é importante diferenciá-las para entender melhor as suas consequências para o organismo.

Os dois termos referem-se ao excesso de gordura corporal que pode prejudicar a saúde. O que os distingue é a quantidade desse excesso. Uma forma de classificar sobrepeso e obesidade em adultos é por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é a divisão do peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros)¹.

Uma pessoa tem sobrepeso quando o seu IMC está entre 25 e 29.9, enquanto a obesidade é definida por um IMC maior ou igual a 30. São três graus de obesidade: grau I, quando o índice está entre 30,0 e 34,9; grau II, quando está entre 35,0 e 39,9; e grau III, quando o IMC está acima de 40,0. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que este é um guia aproximado e não substitui uma consulta com um profissional da saúde para uma avaliação completa.

O número de pessoas com sobrepeso tem aumentado nos últimos anos. Mais da metade da população do país possui excesso de peso, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)². Durante a pandemia, o percentual de pessoas com sobrepeso no Brasil aumentou de 55,4% para 57,25%, de acordo com o levantamento “Vigitel 2021”, realizado pelo Ministério da Saúde³.

Esses índices preocupam porque o sobrepeso, assim como a obesidade, também afeta negativamente a saúde. IMC acima de 25 é considerado fator de risco para o desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial, colesterol alto, diabetes tipo 2 e doenças do coração⁴.

Circunferência abdominal

Pessoas com sobrepeso podem acumular o excesso de gordura em partes diferentes do corpo e essa localização tem influência direta sobre a saúde. Pesquisas mostram que, quando a gordura está mais depositada na região central ou abdominal do que na região dos glúteos e coxas, há um aumento do risco de doenças cardiovasculares⁵.

Isso acontece porque a gordura abdominal é, em muitos casos, do tipo visceral. Ela se acumula profundamente na cavidade abdominal, depositando-se em torno de órgãos internos, como fígado e intestino⁶.

Conforme o excesso de peso aumenta, eleva-se também a concentração de substâncias oxidantes e inflamatórias, gerando um estado de inflamação crônico no organismo. Isso diminui a captação da glicose e promove o processo aterosclerótico, que é o acúmulo de placas de gordura no interior das artérias, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC)⁶.

Um estudo europeu com mulheres entre 45 e 79 anos, publicado em 2007, mostrou que as que possuíam as maiores circunferências abdominais tinham mais que o dobro do risco de desenvolver doenças cardíacas. Cada cinco centímetros a mais no tamanho da cintura aumentava esse risco em 10%⁷.

O excesso de gordura abdominal pode, ainda, quase dobrar o risco de morte prematura, de acordo com um estudo realizado na Europa com mais de 350 mil homens e mulheres, publicado em 2008 no The New England Journal of Medicine⁸.

Eliminar o excesso de peso traz muitos benefícios

O caminho para eliminar o excesso de gordura tende a ser mais curto para quem tem sobrepeso em comparação a quem tem obesidade, o que ajuda a manter a motivação. Um acompanhamento adequado, com profissionais da área da saúde, é essencial, pois, com a orientação adequada, a jornada da perda de peso se torna muito mais leve e efetiva⁹.

Os benefícios já são sentidos com pequenas reduções no peso corporal. Eliminar 2,5% do peso já é suficiente para reduzir os níveis de glicemia, triglicérides e para melhorar a fertilidade¹⁰ e os benefícios só crescem conforme esse percentual aumenta.

Com reduções entre 5% e 10% do peso, diminui-se o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e há um aumento da taxa de colesterol bom (HDL). A pessoa consegue dormir melhor e sentir mais disposição no dia seguinte, tem menos dores ao realizar movimentos, mais facilidade para fazer exercícios e outras atividades, a libido aumenta e há uma redução dos quadros de depressão¹⁰.

Os benefícios associados a perdas maiores de 10% do peso corporal se refletem na redução de problemas no fígado e no risco de doenças cardiovasculares, aumentando a expectativa de vida e melhorando consideravelmente os índices de mortalidade¹⁰.

 

Referências:
1. 
World Health Organization [homepage na internet]. Obesity and overweight. Disponível em https://www.who.int/. Acesso em abril de 2023. 2. Pesquisa nacional de saúde: 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal: Brasil e grandes regiões. IBGE 2020. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101764.pdf. Acesso em abril de 2023. 3. Vigitel Brasil 2021. Ministério da Saúde 2022. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigitel/vigitel-brasil-2021-estimativas-sobre-frequencia-e-distribuicao-sociodemografica-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencas-cronicas. Acesso em abril de 2023. 4. Clinical guidelines on the identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults. NHLBI 1998. Disponível em https://www.nhlbi.nih.gov/files/docs/guidelines/ob_gdlns.pdf. Acesso em abril de 2023. 5. Emery EM, Schmid TL et al. A Review of the Association between Abdominal Fat Distribution, Health Outcome Measures, and Modifiable Risk Factors. Am J Health Promot. 1993 May;7(5):342-353. 6. Gruzdeva O, Borodkina D et al. Localization of fat depots and cardiovascular risk. Lipids Health Dis. 2018 Sep; 17:218. 7. Canoy D, Boekholdt SM et al. Body fat distribution and risk of coronary heart disease in men and women in the European prospective investigation into cancer and nutrition in Norfolk cohort. Circulation. 2007 Dec 10;116:2933–2943. 8. Pischon T, Boeing H et al. General and abdominal adiposity and risk of death in Europe. N Engl J Med. 2008 Nov 13; 359:2105-2120. 9. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884. 10. Ryan DH, Yockey SR et al. Weight loss and improvement in comorbidity: Differences at 5%, 10%, 15%, and over. Curr Obes Rep. 2017 Jun;6(2):187-194.

BR23OB00042 – Maio/2023

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