Obesidade é fator de risco para problemas de circulação
A obesidade é uma doença associada a mais de 200 complicações, como problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
Uma em cada dez mulheres têm a síndrome do ovário policístico (SOP)¹. Trata-se do distúrbio hormonal mais comum entre mulheres em idade reprodutiva. Apesar de muito frequente, é uma doença séria e que precisa de tratamento, afinal é um fator de risco para a infertilidade²-³.
Publicado em: 24 de fevereiro
Uma em cada dez mulheres têm a síndrome do ovário policístico (SOP)¹. Trata-se do distúrbio hormonal mais comum entre mulheres em idade reprodutiva. Apesar de muito frequente, é uma doença séria e que precisa de tratamento, afinal é um fator de risco para a infertilidade²-³.
Então, vamos entender por que o problema se desenvolve e quais são suas consequências mais comuns. Os ovários são dois órgãos do sistema reprodutor feminino, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais estrogênio e progesterona. A SOP acontece quando pequenos cistos, que são como bolsinhas cheias de líquido, se desenvolvem nos ovários, o que faz com que eles aumentem de tamanho²-⁴.
Os cistos podem levar a um desequilíbrio hormonal e causar diversos sintomas. Os mais comuns são irregularidades na menstruação (atrasos frequentes ou ausência de fluxo), acne, queda de cabelo e crescimento excessivo de pelos no rosto e no corpo²-⁴.
Já os sintomas mais graves podem incluir excesso de peso e infertilidade. Estima-se que cerca de 70% dos problemas de fertilidade ovulatória estejam relacionados à síndrome do ovário policístico. Além desse problema, mulheres com SOP têm maior taxa de aborto espontâneo e maior risco de diabetes e hipertensão gestacionais. Sem falar na pré-eclâmpsia (combinação de pressão alta com excesso de proteína na urina, que pode colocar a vida da gestante em risco) e em partos prematuros⁵-⁶.
Não há consenso sobre a causa exata do problema, mas sabe-se que metade das mulheres com SOP têm problemas hormonais, relacionados à produção de insulina (hormônio que controla o nível de açúcar no sangue) pelo pâncreas⁴-⁷.
Boa parte das mulheres também pode apresentar problemas nas glândulas hipotálamo, hipófise (ambas no cérebro) e adrenais (nos rins), o que leva à produção excessiva de hormônios masculinos (hiperandrogenismo). Isso pode dificultar a liberação dos óvulos e causar os sintomas comuns à síndrome. A desregulação desses sistemas está relacionada a fatores genéticos e ambientais⁴-⁷.
SOP e obesidade: causa ou consequência?
A maioria das mulheres com SOP também tem obesidade. A ligação exata entre as doenças é desconhecida, mas a chave pode ser a resistência à insulina, que acontece quando esse hormônio produzido pelo pâncreas não consegue transformar o açúcar em energia, aumentando o risco de diabetes – mais da metade das mulheres com SOP desenvolvem diabetes tipo 2 antes dos 40 anos⁸-⁹-¹⁰.
A resistência à insulina afeta entre 50% e 70% das pessoas com SOP e, além disso, há evidências de que a obesidade potencialize esse quadro. Outro aspecto que relaciona obesidade e SOP é que o excesso de peso também agrava o hiperandrogenismo - o excesso de hormônio masculino, de que comentamos anteriormente¹⁰.
As consequências da SOP vão além do sistema reprodutivo e podem afetar a saúde metabólica, cardiovascular e psicológica das mulheres. Quem tem SOP tende a apresentar a gordura na região abdominal – um tipo de gordura mais inflamatória e que causa mais problemas à saúde, uma vez que se deposita em torno de órgãos internos, como fígado e intestino¹⁰-¹¹.
Com isso, aumenta-se o risco de hipertensão arterial, colesterol alto, apneia do sono, acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardíacas e do fígado. Outras condições associadas à doença incluem câncer de endométrio (tecido interno do útero), ansiedade e depressão⁹-¹².
Você tem SOP?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 70% das mulheres afetadas pela síndrome do ovário policístico permanecem sem diagnóstico em todo o mundo12. Por isso, é importante ficar atenta aos sinais do seu corpo para procurar ajuda médica caso note algo fora do normal. Caso apareçam cistos ovarianos em seus exames de rotina, isso não significa necessariamente que você tem SOP. Para que a síndrome seja diagnosticada, é necessário que haja a combinação de pelo menos dois desses três sintomas
Como tratar a SOP
Se você recebeu o diagnóstico de SOP, saiba que existem tratamentos que ajudam a controlar os sintomas da doença. Entre as opções, estão os contraceptivos hormonais orais e medicamentos para diabetes e fertilidade. Porém, o tratamento considerado de “primeira linha” é a mudança de hábitos, como exercícios físicos regulares e alimentação balanceada⁶.
A redução do peso é um fator que contribui para melhorar os sintomas da SOP, por isso é importante tratar a obesidade. Há evidências de que mesmo uma perda de 5% do peso corporal, sem nenhum outro tipo de tratamento, é suficiente para regular a menstruação e restaurar os ciclos ovulatórios¹⁰.
O tratamento da obesidade tem mais chances de sucesso quando é acompanhado por uma equipe multidisciplinar de profissionais qualificados, composta por médico, psicólogo, nutricionista e profissional de educação física, que irão avaliar o seu estado de saúde como um todo e indicar o melhor caminho a ser percorrido⁶.
Saiba mais:
Obesidade é uma doença que afeta o corpo inteiro
Obesidade em homens e mulheres.
Referências:
1. Deswal R, Narwal V et al. The Prevalence
of Polycystic Ovary Syndrome: A Brief Systematic Review. J Hum Reprod
Sci. 2020 Oct-Dec;13(4):261-271. 2. Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A obesidade
feminina e as consequências na saúde ginecológica. Disponível em https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1514-a-obesidade-feminina-easconsequencias-na-saude-ginecologica.
Acesso em agosto de 2023. 3. National Heart, Lung and Blood
Institute (NIH). Obesity and Women's Health. Disponível em https://www.nhlbi.nih.gov/health/overweight-and-obesity/women.
Acesso em agosto de 2023. 4. Ministério da Saúde. Síndrome dos
ovários policísticos. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-dos-ovarios-policisticos/.
Acesso em agosto de 2023. 5. Cunha A, Póvoa AM. Infertility
management in women with polycystic ovary syndrome: a review. Porto
Biomed J. 2021 Jan 26;6(1):e116. 6. Ministério da Saúde.
Protocolo clínico e diretriz terapêuticas da síndrome de ovários
policísticos. Disponível em https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/publicacoes_ms/pcdt_sndrome-ovrios-policsticos_isbn.pdf.
Acesso em agosto de 2023. 7. Deswal R, Narwal V et al. The
Prevalence of Polycystic Ovary Syndrome: A Brief Systematic Review. J
Hum Reprod Sci. 2020 Oct-Dec;13(4):261-271. 8. Templeton A.
Obesity and Women's Health. Facts Views Vis Obgyn.
2014;6(4):175-6. 9. Centers for Disease Control and Prevention
(CDC). PCOS (Polycystic Ovary Syndrome) and Diabetes. Disponível em https://www.cdc.gov/diabetes/basics/pcos.html.
Acesso em agosto de 2023. 10. Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Síndrome dos
ovários policísticos. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/66.pdf.
Acesso em agosto de 2023. 11. Gruzdeva O, Borodkina D et al.
Localization of fat depots and cardiovascular risk. Lipids Health Dis.
2018 Sep; 17:218. 12. World Health Organization (WHO).
Polycystic ovary syndrome. Disponível em https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/polycystic-ovary-syndrome.
Acesso em agosto de 2023.
BR23OB00150 – outubro/2023