A obesidade pode gerar grande sofrimento, tanto pelas limitações físicas e dificuldades que ela provoca quanto pelo preconceito e cobrança que vem constantemente de várias áreas da sociedade - como mídia, mercado de trabalho, conhecidos, amigos e familiares - e até por seu auto julgamento. Entretanto, os aspectos emocionais parecem ter, muitas vezes, uma relevância maior do que os físicos, gerando impactos na saúde mental mais importantes do que as questões físicas. Nesse sentido, contar com redes de apoio que possam proporcionar diferentes tipos de suporte, principalmente afetivo e emocional, pode fazer a diferença para o sucesso do tratamento.

O que são as redes de apoio psicossocial?

As redes de apoio psicossocial são formadas por pessoas consideradas importantes e têm um papel muito relevante para o enfrentamento de situações difíceis, especialmente as que provocam desgastes emocionais. Elas podem funcionar como fonte de fortalecimento, aproximar pessoas que estão conectadas por laços afetivos e ter papel de proteção frente às dificuldades impostas por doenças crônicas, como a obesidade.

O apoio psicossocial abrange diversos aspectos e desenvolve o sentimento de pertencimento. A rede é capaz de proporcionar vários tipos de suporte, tais como:

• Afetivo - vínculo para a constituição e manutenção do apoio e proteção;
• Emocional - ações que fazem com que a pessoa se sinta cuidada;
• Material - apoio nas questões práticas do dia a dia, como dinheiro e realização de tarefas domésticas;
• Informações - esclarecimento ou conhecimento sobre assuntos que possam ajudar com questões sociais, emocionais e de saúde física e mental.

Qual a importância das pessoas com obesidade terem uma rede de apoio psicossocial?

As redes de apoio psicossocial podem proteger e ajudar a enfrentar as dificuldades com as quais as pessoas com obesidade se defrontam no dia a dia. Isso porque elas possibilitam desenvolver a capacidade de se recuperar de adversidades e mobilizar recursos para enfrentar situações que podem afetar a saúde. Proporciona adaptação às condições desfavoráveis, melhora a qualidade de vida e até contribui para fortalecer as relações familiares.

Inclusive, as redes de apoio se configuram, atualmente, como formas terapêuticas importantes para a atenção e o cuidado integral à saúde. O apoio social está associado a uma série de benefícios para a saúde, por exemplo:

    🗸  Melhor controle glicêmico para pessoas com diabetes;

    🗸  Melhor controle da pressão arterial em quem tem hipertensão;

    🗸  Menos eventos cardíacos para pessoas com doenças cardíacas;

    🗸  Melhor função articular e menos inflamação em quem tem artrite.

Elas proporcionam benefícios para a saúde física e mental, funcionando como fator de prevenção ao desenvolvimento de transtornos. Tanto que desfrutar de uma integração social maior está relacionado com índices menores de depressão e ansiedade.

Além disso, contar com uma rede de apoio psicossocial ajuda na adesão a diferentes tratamentos de saúde e está relacionado com a sensação de bem-estar psicológico. Elas podem, por exemplo, ajudar a pessoa com obesidade a romper o círculo vicioso que, muitas vezes, se instala devido às dificuldades na mudança do estilo de vida.

Ou seja, a pessoa come em excesso para aliviar o sofrimento por não conseguir fazer as mudanças necessárias, mas o prazer momentâneo é rapidamente substituído pela culpa e fracasso. Entretanto, contar com pessoas que compreendem seus problemas pode contribuir para mudar o foco da comida para outras formas de satisfação que têm o potencial de gerar bem-estar e prazer.

Como construir redes de apoio?

Construir e consolidar redes de apoio são processos profundamente relacionados com a convivência. Eles são baseados, principalmente, em trocas afetivas que permitem desenvolver diferentes aspectos de acordo com a situação, por exemplo:

Para que uma rede de apoio possa se constituir e consolidar, é necessário se sentir confortável com as crenças, práticas e expectativas do grupo. É claro que divergências de pontos de vista e desentendimentos podem eventualmente ocorrer, mas o convívio com os integrantes deve proporcionar à pessoa com obesidade sentimentos como tranquilidade, acolhimento e disposição e não o contrário.

Quais são os tipos de redes de apoio e qual a importância da família?

As redes de apoio podem se dividir em sistema formal e informal. O primeiro inclui as instituições e serviços públicos que prestam atendimento, cuidado e suporte. Já o sistema informal diz respeito à família, amigos e demais grupos da sociedade civil, como instituições religiosas, associações etc., sendo que a família é uma das principais fontes de apoio para o controle de peso saudável.

O motivo disso é a importância que a família tem no processo de mudanças, pois ela pode influenciar na adoção e manutenção de comportamentos que promovam a saúde. A dinâmica das relações no núcleo familiar, que inclui regras, apoio emocional, encorajamento e reforço de condutas são determinantes para estabelecer padrões de comportamento.

A família molda os hábitos alimentares e também interfere no desenvolvimento e no controle de problemas de peso, seja nas crianças ou nos adultos.


O reforço recíproco entre os familiares é significativo para a aquisição e manutenção de novos comportamentos saudáveis. Tanto que os tratamentos comportamentais da obesidade que têm a família como base estão entre os mais eficazes.

Em muitos casos, também são os familiares que dão o apoio emocional necessário que permite a convivência com o estresse gerado pelo tratamento de uma condição crônica, como a obesidade. Geralmente, são as famílias que criam o contexto prático, social e emocional para o autocuidado, podendo facilitar ou tornar mais difícil atingir metas de saúde e comportamento e, até mesmo, afetar diretamente a saúde das pessoas por meio de níveis mais baixos de hormônio do estresse e menor variação na pressão arterial.

Quando as pessoas têm o apoio da família, há um melhor controle da doença e dos resultados. Portanto, esse envolvimento pode mudar o autogerenciamento e facilitar o sucesso do tratamento.