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Obesidade: para cada perfil, um tratamento personalizado

Você foi a uma consulta médica, realizou exames e recebeu o diagnóstico de obesidade. Nesse momento, é comum que várias dúvidas apareçam, principalmente sobre a melhor forma de tratamento. Mas antes de dar o primeiro passo na jornada da perda de peso, é importante entender um pouco mais sobre a doença.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Você foi a uma consulta médica, realizou exames e recebeu o diagnóstico de obesidade. Nesse momento, é comum que várias dúvidas apareçam, principalmente sobre a melhor forma de tratamento. Mas antes de dar o primeiro passo na jornada da perda de peso, é importante entender um pouco mais sobre a doença.

A obesidade é uma condição metabólica, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, e que possui várias causas. Ao levar a um acúmulo de gordura em diversos órgãos, a doença provoca um estado de inflamação constante e sobrecarrega todo o organismo, prejudicando o seu bom funcionamento¹-².

Se não for tratada, pode favorecer o surgimento de problemas graves, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral (AVC), entre outras. Estima-se que a obesidade esteja associada a mais de 200 complicações³.

O tratamento precisa ser realizado sob orientação médica e é importante que seja individualizado, pois nem sempre o que funciona para uma pessoa, funciona para outra. Ele pode variar de acordo com o grau de sobrepeso ou obesidade, medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC), e condições clínicas de cada um⁴.

Parte do tratamento se refere a mudanças no estilo de vida, o que envolve hábitos alimentares saudáveis e prática regular de atividade física. Mas não para por aí. Algumas pessoas irão precisar de medicamento. Outras, de cirurgia. Há aquelas que vão necessitar de um suporte psicológico para cuidar de questões emocionais.

Por isso, é importante ter o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para que seja definida a melhor abordagem. Ou seja, de acordo com a necessidade, é possível recorrer a profissionais da saúde, como médico, nutricionista, psicólogo e educador físico⁴-⁵.

Depois de uma avaliação criteriosa, é preciso determinar qual o objetivo que se quer alcançar com o tratamento, definir metas realistas e traçar quais estratégias serão adotadas para chegar lá. Uma redução de 2,5% do peso já diminui os níveis de açúcar (glicemia) e gordura (triglicérides) no sangue, além de melhorar a fertilidade – e quanto maior é esse percentual, maiores são os benefícios à saúde⁶-⁷. Isso significa que, se uma pessoa de 100 kg eliminar 2,5 kg, esse resultado vai se refletir positivamente em sua saúde. Ou seja, as recompensas vêm ao longo da jornada.

A obesidade é uma doença crônica que deve ser tratada de forma contínua para que os resultados sejam mantidos⁷ Saiba mais sobre as opções de tratamento:

Esqueça as dietas muito restritivas ou que propõem resultados milagrosos – é improvável que elas consigam ser mantidas por muito tempo⁴-⁷.

Por isso, o foco deve ser a reeducação alimentar. Optar por uma alimentação saudável e balanceada será sempre a melhor opção para a saúde e para garantir bons resultados no tratamento da obesidade⁴.

O consumo de alimentos ultraprocessados (como salgadinhos, biscoitos recheados etc.), refinados e com alto teor de sódio, açúcar e gordura precisa ser limitado. No lugar, devem entrar alimentos in natura ou minimamente processados, como grãos e cereais integrais, carnes magras (ou seja, com pouca gordura, como peito de frango, peixe, alcatra e filé mignon), legumes, frutas e verduras. Uma alimentação rica em fibras ajuda a controlar o excesso de peso, uma vez que elas aumentam a sensação de saciedade ao demorar mais tempo para serem digeridas⁴-⁷.

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) indica que o programa de perda de peso inclua um plano alimentar individualizado, planejado por nutricionista, para criar um déficit de 500 a 1.000 kcal por dia, com uma meta realista de redução de 0,5 a 1 kg por semana⁴.

O sedentarismo contribui para a obesidade, por isso o exercício físico precisa não somente fazer parte do tratamento, como também virar um hábito para a vida toda. Realizado regularmente, ajuda a reduzir a gordura corporal, regula hormônios e o nível de açúcar no sangue e ainda diminui o risco de desenvolver condições associadas ao excesso de peso, como hipertensão e diabetes tipo2 ⁸-⁹-¹⁰.

Os exercícios também têm um papel importante para a saúde emocional de quem está na jornada da perda de peso, ajudando no controle da depressão e da ansiedade⁸-⁹-¹⁰.

A Abeso recomenda que se faça, semanalmente, pelo menos 150 minutos de exercícios de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, combinando atividades aeróbicas (caminhada, natação, ciclismo e outros) e de força muscular (musculação e treino funcional, por exemplo)⁸.

Além da mudança de hábitos, o suporte psicológico também tem um papel importante no tratamento da obesidade, pois o excesso de peso também pode estar relacionado a questões emocionais. Ansiedade, estresse, depressão e outros sentimentos negativos geram uma queda nas substâncias que atuam no cérebro promovendo a sensação de bem-estar. Assim, a comida acaba sendo usada para aliviar esses sentimentos, o que pode gerar vícios e compulsão alimentar¹¹.

Uma das opções auxiliares é a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a pessoa com obesidade a identificar os estímulos que antecedem o comportamento compulsivo e a manter a motivação com o tratamento, evitando, assim, a recaída e o consequente reganho de peso⁷.

O uso de medicamentos para perder peso ainda gera insegurança. Mas, vale ter em mente que a obesidade é uma doença e, como qualquer outra, pode precisar de tratamento com medicamentos para ser controlada.

Em geral, os medicamentos são indicados quando as mudanças no estilo de vida não foram suficientes para a redução de peso e quando o IMC é igual ou superior a 30 – ou ≥ 27 com a presença de outras doenças¹².

Há vários tipos de medicamentos para a obesidade, sendo que cada um age de uma forma diferente. Entre as alternativas disponíveis no Brasil, estão os que atuam no sistema nervoso central para regular o apetite e promover saciedade; os que impedem a atuação das enzimas do pâncreas no tubo intestinal, diminuindo assim a absorção de gorduras; e o que é análogo ao hormônio produzido pelo organismo, que atua no centro de regulação da fome e da saciedade¹³.

Apenas profissionais de saúde podem prescrever medicamentos e essa escolha deve levar em consideração as condições clínicas do paciente com obesidade e a presença de outras doenças associadas. É importante lembrar que o uso de medicamentos não substitui outras formas de tratamento, como alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos⁷.

Quando mudanças no estilo de vida e o uso de medicamentos não foram suficientes e a obesidade alcançar um grau maior (IMC igual ou superior a 40 ou IMC entre 35 e 39,9 com outras doenças associadas), a cirurgia bariátrica pode ser indicada⁷.

Atualmente, existem várias técnicas cirúrgicas. Em geral, elas envolvem a remoção de uma parte do estômago ou do intestino delgado para que a pessoa não consuma tantos alimentos e para que haja diminuição da absorção de calorias consumidas diariamente¹⁴.

Com isso, a cirurgia bariátrica pode trazer mais qualidade de vida ao melhorar doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, asma, problemas do sono, infecções, dificuldades de mobilidade, infertilidade e problemas gestacionais, entre outras. Há também redução dos índices de mortalidade⁷-¹⁵.

Entretanto, realizar o procedimento não significa a cura da obesidade. Caso não ocorram mudanças no estilo de vida, como a manutenção de hábitos saudáveis, pode haver a recuperação do peso eliminado. Por isso, o tratamento e o acompanhamento com profissionais da saúde são importantes para a vida toda⁷.

 

Saiba mais:

O IMC como ferramenta para o diagnóstico da obesidade

5 opções de atividades físicas além da tradicional academia

Qual o papel da terapia no tratamento da obesidade

Referências:
1. 
Castoldi A, Souza CN et al. The macrophage switch in obesity development. Front Immunol. 2016 Jan 5; 6:637. 2. Gruzdeva O, Borodkina D et al. Localization of fat depots and cardiovascular risk. Lipids Health Dis. 2018 Sep 15; 17, 218. 3. Yuen M, Kadambi N et al. A systematic review and evaluation of current evidence reveals 236 obesity-associated disorders. The Obesity Society. 2016;T- P-3166. 4. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2022/11/posicionamento_2022-alterado-nov-22-1.pdf. Acesso em junho de 2023. 5. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884. 6. Ryan DH, Yockey SR et al. Weight loss and improvement in comorbidity: Differences at 5%, 10%, 15%, and over. Curr Obes Rep 2017 Jun; 6(2):187-194. 7. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf. Acesso em junho de 2023. 8. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Guia prático – exercício físico e obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2021/08/GuiaAtividadeV4-CapaB.pdf. Acesso em junho de 2023. 9. Fonseca-Junior SJ, Sá CGAB et at. Exercício físico e obesidade mórbida: uma revisão sistemática. Arq Bras Cir Dig 2013;26(1):67-73. 10. Petridou A, Siopi A et al. Exercise in the management of obesity. Metabolism. 2019 Mar;92:163-169. 11. Lazarevich I, Camacho MEI et al. Relationship among obesity, depression, and emotional eating in young adults. Appetite. 2016 Dec 1;107:639-644. 12. Chakhtoura M, Haber R et al. Pharmacotherapy of obesity: an update on the available medications and drugs under investigation. eClinicalMedicine. 2023 Mar 20;58:101882. 13. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sibutramina e remédios para emagrecer: entenda. Disponível em http://antigo.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&. Acesso em junho de 2023. 14. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). A cirurgia bariátrica. Disponível em https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/. Acesso em junho de 2023. 15. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Cirurgia bariátrica: Melhora nas doenças associadas à obesidade. Disponível em https://www.sbcbm.org.br/cirurgia-bariatrica-melhora-nas-doencas-associadas-obesidade/. Acesso em junho de 2023.

BR23OB00083 – Agosto/2023

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