Existem doenças que se instalam e progridem de forma silenciosa, só
apresentando sintomas quando já estão em estágio avançado. É o caso da
doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (DHEADM),
caracterizada pela presença de gordura no fígado. A condição está
associada ao excesso
de peso e afeta um em cada três adultos no mundo – ou seja, não
é algo raro ou difícil de acontecer, por isso é importante conhecer
mais sobre a doença e saber como preveni-la.
Publicado em: 24 de fevereiro
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O fígado possui diversas funções importantes, como a formação e a
secreção da bile (substância que auxilia na digestão da gordura dos
alimentos), a regulação do metabolismo de vários nutrientes, a
eliminação de toxinas que o organismo acumula, entre outras. O órgão
também é o principal reservatório de glicose, a nossa fonte de
energia, e a libera conforme a necessidade³.
A DHEADM é considerada uma condição metabólica e está relacionada à
obesidade, diabetes tipo 2 e outras doenças caracterizadas pela
resistência à insulina – quando esse hormônio produzido pelo pâncreas
não consegue cumprir sua função de transformar o açúcar em energia.
Como consequência, há um aumento de glicose no sangue, elevando também
os níveis de ácidos graxos, um tipo de molécula de gordura²-⁴-⁵.
Por meio da circulação sanguínea, os ácidos graxos chegam até o
fígado, onde se convertem em triglicerídeos, que também são gorduras.
É aí que, progressivamente, o acúmulo de gordura no órgão pode
originar a DHEADM²-⁴-⁵.
É normal que exista gordura no fígado, porém, se ela se apresenta em
excesso (com um índice superior a 5%), pode acabar se infiltrando nas
células do órgão6. Com essa sobrecarga, o fígado não consegue cumprir
sua tarefa de metabolizar a gordura da maneira adequada, o que provoca
inflamação no local. Quando isso acontece, a DHEADM evolui para a
esteatohepatite associada à disfunção metabólica (EHADM ou MASH, na
sigla em inglês)²-⁴-⁵.
Diante dos danos promovidos pela inflamação da esteatohepatite, o
próprio órgão cria mecanismos de cicatrização (fibroses), o que
prejudica as suas funções. Com o tempo, as fibroses podem dar origem à
cirrose (doença crônica caracterizada por fibrose e formação de
nódulos que bloqueiam a circulação sanguínea), e, nos casos mais
graves, ao câncer²-⁴-⁵. A MASH é uma das principais causas de cirrose
e de transplante de fígado¹.
Estima-se que o excesso de peso, principalmente na região
da cintura, esteja relacionado a 60% dos casos de gordura no
fígado. Outros fatores de risco são colesterol e triglicérides altos,
hipertensão e síndrome metabólica. Há evidências de que problemas na
flora intestinal, como um desequilíbrio nas bactérias da região,
também tenham relação com a doença⁴-⁶.
Diagnóstico
A DHEADM não costuma apresentar sintomas. Já a pessoa com MASH,
quando a doença está em estágios mais avançados, pode ter desde dores
no abdômen, cansaço e fraqueza até confusão mental, hemorragias e
icterícia (pele e olhos amarelados)⁶.
O diagnóstico é feito por meio do histórico médico e de exames
clínicos, de sangue e de imagem (como ultrassonografia, tomografia ou
ressonância), em que é possível identificar um aumento no tamanho do
fígado. Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia⁴-⁶.
Tratamento
Não há um tratamento específico para DHEADM ou para MASH, ele pode
variar de acordo com a gravidade do problema e a indicação médica.
É importante realizar mudanças de hábitos, como alimentação
balanceada e exercícios físicos, já que a perda de peso pode reduzir a
gordura, a inflamação e a fibrose no fígado. A boa notícia é que ao
eliminar de 3% a 5% do peso corporal, já é possível reduzir a gordura
no órgão. Se a redução do peso for entre 7% e 10%, há melhoras na
inflamação e na fibrose⁴.
O tratamento é melhor quando é acompanhado por uma equipe
multidisciplinar, composta por profissionais de saúde, nutrição,
psicologia e educação física, que irá avaliar o estado de saúde como
um todo e indicar o melhor caminho a ser percorrido⁷.
A obesidade é uma condição crônica, progressiva e recidivante. Isso
significa que as alterações biológicas causadas pelo acúmulo de gordura
favorecem mais ganho de peso em um ciclo progressivo e que, mesmo após a
perda ou estabilidade desse peso por um tempo, é muito provável que a
pessoa volte a engordar.
Qual a relação entre as doenças autoimunes e a obesidade
Imagine o seu próprio corpo agindo contra ele mesmo. Esse é o princípio
das doenças autoimunes, que ocorrem quando o sistema imunológico ataca
as células saudáveis do organismo.
Entenda como a obesidade pode aumentar a incidência de refluxo
Azia, gosto amargo na boca, queimação no peito: esses são alguns dos
sintomas do refluxo gastroesofágico, o retorno involuntário e repetitivo
do conteúdo do estômago para o esôfago.