Obesidade é fator de risco para problemas de circulação
A obesidade é uma doença associada a mais de 200 complicações, como problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
A obesidade é uma condição crônica, progressiva e recidivante. Isso significa que as alterações biológicas causadas pelo acúmulo de gordura favorecem mais ganho de peso em um ciclo progressivo e que, mesmo após a perda ou estabilidade desse peso por um tempo, é muito provável que a pessoa volte a engordar.
Publicado em: 24 de fevereiro
A obesidade é uma condição crônica, progressiva e recidivante. Isso significa que as alterações biológicas causadas pelo acúmulo de gordura favorecem mais ganho de peso em um ciclo progressivo e que, mesmo após a perda ou estabilidade desse peso por um tempo, é muito provável que a pessoa volte a engordar. Por isso, há necessidade
de atenção e dedicação ao longo de toda a vida para que os cuidados com a saúde sejam bem-sucedidos. Observando esse mecanismo, pesquisadores e médicos endocrinologistas propõem classificar essa estabilidade como obesidade controlada.
Como a obesidade é classificada atualmente?
Definida pela Organização Mundial da Saúde como um excesso de acúmulo de gordura que prejudica a saúde, a classificação da obesidade em seus graus de severidade é feita com base no índice de massa corporal (IMC).
Assim, uma pessoa é considerada com sobrepeso ou obesidade quando o número que resulta dessa equação atinge certo parâmetro. Para adultos, a classificação é feita da seguinte forma:
✓ Sobrepeso - indivíduos que apresentam IMC acima de 25 kg/m e menor que 30 kg/m;
✓ Obesidade grau I - indivíduos que apresentam IMC acima de 30 kg/m e menor que 35 kg/m;
✓ Obesidade grau II - indivíduos que apresentam IMC acima de 35 kg/m e menor que 40 kg/m;
✓ Obesidade grau III - indivíduos com IMC acima de 40 kg/m.
Além do IMC, também é importante levar em consideração aspectos como:
O que propõe a nova classificação da obesidade?
A nova proposta sugere classificar a obesidade com base na trajetória do peso, coletando a informação de peso máximo alcançado pela pessoa com obesidade. A partir desse dado, é possível:
Analisar se a pessoa está em um momento de estabilidade de peso, se está em seu peso máximo ou se já perdeu alguns quilos desde o valor mais alto atingido;
Compreender maneiras factíveis de controlar o ganho de peso, sem metas insustentáveis.
Como é feita a classificação da obesidade controlada?
A obesidade controlada indica que a pessoa já teve uma redução de riscos de saúde significativa. A proposta parte do peso máximo que o indivíduo já alcançou na vida, com exceção dos seguintes casos:
✓ Período de gestação e lactação;
✓ Pessoas em estágios avançados de doenças crônicas, como câncer, por exemplo;
✓ Período de uso de medicações que favorecem ganho de peso;
✓ Doenças ou situações reversíveis que levaram ao ganho momentâneo de peso;
✓ Perda involuntária de peso.
Também estão excluídas da classificação de obesidade controlada as crianças, adolescentes, adultos com mais de 65 anos e pessoas com IMC acima de 50 kg/m.
A partir do peso máximo atingido, mede-se o peso atual da pessoa e calcula-se qual a porcentagem de quilos perdidos em relação ao valor mais alto.
IMC entre 30 e 39,9 kg/m2
IMC igual ou maior a 40 kg/m2
Quais as vantagens dessa nova classificação da obesidade?
Em pessoas com obesidade, o cérebro tende a reconhecer o peso máximo alcançado na vida como referência do que deve ser mantido. Desse modo, as tentativas de perda de peso serão contrabalanceadas – daí o conhecido efeito sanfona. Dessa forma, a classificação de obesidade controlada auxilia a enxergar que a obesidade não será completamente resolvida, mas, sim, controlada. Para a pessoa, a classificação:
✓ Pode facilitar o processo de ajuste de expectativa;
✓ Pode evitar a carga emocional e física de tentativas insustentáveis de perda de peso;
✓ Pode amenizar os riscos que o processo tem de afetar a qualidade de vida e o bem-estar psíquico;
✓ Pode reduzir o abandono de tratamento.
Atenção - a proposta de uma nova classificação não tem a intenção de substituir as classificações vigentes, apenas busca complementar o diagnóstico. A obesidade controlada é uma ferramenta a mais para orientar o tratamento clínico e ajudar a interpretar os achados de pesquisas no campo da obesidade.
Quais riscos o excesso de peso pode causar?
O sobrepeso e a obesidade podem influenciar quase todos os aspectos da saúde, desde a função reprodutiva e respiratória até a memória e o humor. Essas relações se dão tanto por consequências claras e diretas, como os problemas ortopédicos causados pela sobrecarga em articulações, quanto por mudanças complexas nos hormônios e no metabolismo. Veja os principais riscos que a obesidade pode causar:
✓ Diabetes;
✓ Doenças cardiovasculares;
✓ Câncer;
✓ Depressão;
✓ Problemas reprodutivos;
✓ Doenças respiratórias;
✓ Doenças musculoesqueléticas.
Quais os benefícios da perda de peso?
Mesmo perdas de peso razoáveis estão associadas a benefícios de saúde e qualidade de vida. Veja abaixo os principais benefícios entre as faixas percentuais de perda:
Até 3% de perda de peso - está associada a melhora da fertilidade, a redução dos níveis de glicose e, possivelmente, o melhor controle da hipertensão arterial.
A partir de 5% de perda de peso - está associada a redução significativa dos níveis de colesterol, além de auxiliar na melhora de condições como depressão, dor nas articulações e problemas na função sexual.
Entre 5% e 10% de perda de peso - está associada a um menor risco de diabetes tipo 2. Essa taxa de perda é significativa e muitos profissionais a recomendam como meta em um tratamento.
Acima de 10% de perda de peso - está associada a benefícios no quadro de inflamação do fígado, redução de risco em problemas cardiovasculares, remissão do diabetes em indivíduos com diagnóstico recente, diminuição substancial na mortalidade geral e aumento na expectativa de vida.
Com acompanhamento médico adequado e multidisciplinar, alcançar a obesidade controlada é uma jornada possível e com muitos benefícios, em todos os âmbitos da vida. Para isso, o tratamento da obesidade deve ser contínuo e sempre individualizado, considerando os aspectos clínicos, sociais e emocionais da pessoa.
Referência:
1. Ministério da Saúde. Portaria nº 424. 19
de março de 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0424_19_03_2013.html.
Acesso em 21/11/2022; 2. Harvard School of Public Health.
Health Risks. Disponível em: https://www.hsph.harvard.edu/obesity-prevention-source/obesity-consequences/health-effects/.
Acesso em 21/11/2022; 3. Abeso. Nossa proposta de uma nova
maneira de classificar a obesidade. 25 de abril de 2022. Disponível
em: https://abeso.org.br/nossa-proposta-de-uma-nova-maneira-de-classificar-a-obesidade/.
Acesso em 21/11/2022; 4. Halpern B, Mancini MC, Melo ME,
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Proposal of an obesity classification based on weight history: an
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Acesso em 21/11/2022; 5. Ryan DH, Yockey SR. Wight Loss and
Improvement in Comorbidity. 25 de abril de 2022. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5497590/ .
Acesso em 21/11/2022.
R22OB00193 – fev./2023