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Aprenda a perder peso e manter a massa muscular

Quando se pensa em perder peso, o que geralmente vem à cabeça é “eliminar gordura”. Só que nesse processo, perde-se também massa muscular. Pesquisas estimam que, quando uma pessoa reduz o peso apenas por restrição calórica, 25% dos quilos eliminados vêm dos músculos. Porém, preservar a massa muscular é essencial para a saúde1.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Quando se pensa em perder peso, o que geralmente vem à cabeça é “eliminar gordura”. Só que nesse processo, perde-se também massa muscular. Pesquisas estimam que, quando uma pessoa reduz o peso apenas por restrição calórica, 25% dos quilos eliminados vêm dos músculos. Porém, preservar a massa muscular é essencial para a saúde¹.

Os músculos estão envolvidos na mobilidade, na força e no equilíbrio do corpo. Eles armazenam proteínas e participam de funções metabólicas, ajudando a regular os níveis de açúcar no sangue e a temperatura corporal, além de aumentar o metabolismo e o gasto energético²-³.

Isso significa que possuir mais músculos do que gordura é muito benéfico ao organismo. O sistema imunológico sai ganhando, uma vez que utiliza os nutrientes presentes nos músculos para produzir anticorpos. Com isso, diminui-se o risco de infecções por vírus e bactérias, além de contribuir para uma recuperação mais rápida de outras doenças⁴-⁵-⁶.

Outra função importante dos músculos é reduzir a resistência à insulina, que acontece quando esse hormônio produzido pelo pâncreas não consegue cumprir sua função de transformar o açúcar (glicose) em energia. Isso porque os músculos facilitam a entrada de glicose nas células, impedindo que ela se acumule na corrente sanguínea⁷-⁸-⁹.O acúmulo de açúcar no sangue e a resistência à insulina são fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 – uma das doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade e que representa um grande risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e outras complicações graves⁷-⁸-⁹

Por isso é tão importante que o tratamento do excesso de peso foque na redução de gordura ao mesmo tempo em que priorize a manutenção e o aumento de massa muscular – que é popularmente conhecida como massa magra, porém os termos não são sinônimos. Massa magra é mais abrangente e inclui tudo o que não é água ou gordura, como ossos, pele, músculos etc.

Além de todos os benefícios à saúde, quanto maior a quantidade de músculos no corpo, maior será o gasto energético – tanto em repouso, quanto para realizar atividades. Isso acontece porque o tecido muscular é mais ativo metabolicamente do que o tecido adiposo (o que armazena gordura), já que os músculos precisam de nutrientes a todo momento para exercer suas funções¹⁰. Ou seja, mais músculos representam menos tendência a ganhar peso.

Pouca massa muscular significa mais problemas de saúde

Com o passar dos anos, principalmente na chegada à terceira idade, é natural perdermos massa muscular. Quando há a diminuição de músculos e excesso de gordura corporal, ocorre a sarcopenia ou obesidade sarcopênica¹¹-¹²-¹³.

A condição está associada, entre outros fatores, ao sedentarismo e à diminuição da síntese de proteína. Como consequência, a pessoa perde força muscular, coordenação dos movimentos e fica mais sujeita a acidentes, como quedas. Além disso, se não for tratada, a sarcopenia pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares (como hipertensão), diabetes tipo 2 e osteoartrite (desgaste da cartilagem que reveste as articulações)¹¹-¹²-¹³.

Por isso, possuir uma boa reserva de músculos é como ter um “seguro de vida”, uma espécie de “poupança” para o futuro. Uma pesquisa norte-americana publicada em 2018 mostrou que pouca massa muscular está relacionada a um risco maior de problemas de saúde. Segundo os pesquisadores, pessoas com menos músculos tiveram mais complicações cirúrgicas e pós-operatórias, internações hospitalares mais longas, menor função física, pior qualidade de vida e maior mortalidade¹⁴.

Ter um bom volume de massa muscular também contribui para controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol e triglicérides; protege os ossos e as articulações, melhorando a força física e reduzindo o risco de fraturas e de osteoporose; e ainda ajuda a preservar funções cerebrais, auxiliando na memória e reduzindo o risco de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer¹⁰-¹⁵-¹⁶-¹⁷-²⁴.

Como preservar a massa muscular?¹⁰-¹⁸-¹⁹-²⁰-²¹

Alguns cuidados na alimentação e na rotina de exercícios físicos são importantes para quem quer construir uma boa reserva de massa muscular. Confira algumas dicas:

Exercícios:

Faça, pelo menos, 150 minutos de exercícios de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, combinando atividades aeróbicas (como caminhada, natação, ciclismo e outros) e de força muscular (musculação e treino funcional, por exemplo).

Ambos os tipos de exercício estimulam o ganho de massa muscular e melhoram a força dos músculos;

Alimentação:

Alimente-se de forma balanceada e aumente o consumo de proteínas (sob orientação nutricional), principalmente nos dias em que realizar treino de força. As proteínas fornecem aminoácidos que contribuem para a formação de tecido muscular;

Proteínas:

Inclua fontes de proteínas em todas as refeições. Entre as opções de proteína animal, estão: carne, peixe, frango, frutos do mar, leite, queijos e iogurte.
Algumas fontes de proteína vegetal são feijão, lentilha, grão de bico, ervilha, tofu, quinoa, aveia, brócolis, entre outros;

Sono:

Atente-se à qualidade de seu sono e a quantas horas você precisa dormir para ter um descanso completo. Uma boa noite de sono é essencial para a recuperação e construção muscular;

Suplementação:

Embora alguns suplementos alimentares possam ser úteis para a formação de massa muscular, não os consuma por conta própria. Consulte sempre um profissional de saúde para que seja avaliada sua real necessidade;

Vitamina D:

É comum que as pessoas tenham deficiência de vitamina D, então fique atento. Além de manter os ossos saudáveis, ela também contribui para melhorar a força muscular. Procure a orientação de seu médico sobre a necessidade de reposição.

Além destes cuidados, é importante contar com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, que tenha, além de médico e psicólogo, nutricionista e educador físico. Estes profissionais irão auxiliar na elaboração de planos alimentares e de exercícios físicos individualizados, com foco em melhorar a saúde e garantir qualidade de vida²³.

Referências:
1. 
Heymsfield SB, Gonzalez MC et al. Weight loss composition is one-fourth fat-free mass: a critical review and critique of this widely cited rule. Obes Rev. 2014 Apr;15(4):310-21. 2. Heymsfield SB, Gonzalez MC et al. Skeletal muscle mass and quality: evolution of modern measurement concepts in the context of sarcopenia. Proc Nutr Soc. 2015 Nov;74(4):355-66. 3. Frontera WR, Ochala J. Skeletal muscle: a brief review of structure and function. Calcif Tissue Int. 2015 Mar;96(3):183-95. 4. Jingxia Wu, Nina Weisshaar et al. Skeletal muscle antagonizes antiviral CD8 T cell exhaustion. Science Advances, 2020; 6 (24): eaba3458. 5. Tidball JG, Villalta SA. Regulatory interactions between muscle and the immune system during muscle regeneration. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2010 May;298(5):R1173-87. 6. Martínez AC, Alvarez-Mon M. O sistema imunológico (II): Importância dos imunomoduladores na recuperação do desportista. Rev Bras Med Esporte. 1999 Jul-Aug;5(4):159-166. 7. Merz KE, Thurmond DC. Role of Skeletal Muscle in Insulin Resistance and Glucose Uptake. Compr Physiol. 2020 Jul 8;10(3):785-809. 8. PauliI JR,; Cintra DE et al. Novos mecanismos pelos quais o exercício físico melhora a resistência à insulina no músculo esquelético. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009 May;53(4):399-408. 9. Fan L, Sweet DR et al. Muscle Krüppel-like factor 15 regulates lipid flux and systemic metabolic homeostasis. J Clin Invest. 2021 Feb 15;131(4):e139496. 10. McCarthy D, Berg A. Weight Loss Strategies and the Risk of Skeletal Muscle Mass Loss. Nutrients. 2021 Jul 20;13(7):2473. 11. McLeod M, Breen L et al. Live strong and prosper: the importance of skeletal muscle strength for healthy ageing. Biogerontology. 2016 Jun;17(3):497-510. 12. Cruz-Jentoft AJ, Sayer AA. Sarcopenia. Lancet. 2019 Jun 29;393(10191):2636-2646. 13. PícoliI TS, Figueiredo LL et al. Sarcopenia e envelhecimento. Fisioter Mov. 2011 Jul-Sep;24(3):455-62. 14. Prado CM, Purcell SA et al. Implications of low muscle mass across the continuum of care: a narrative review. Annals of Medicine. 2018;50(8):675-693. 15. Frontera WR, Ochala J. Skeletal muscle: a brief review of structure and function. Calcif Tissue Int. 2015 Mar;96(3):183-95. 16. Fédération Internationale de Médecine Sportive. O exercício físico: um fator importante para a saúde. Rev Bras Med Esport. 1997 Jul-Sep; 3(3): 87-88. 17. BertoldiI FC, Silva JAMG et al. Influência do fortalecimento muscular no equilíbrio e qualidade de vida em indivíduos com doença de Parkinson. Fisioter Pesqui. 2013 Jun;20(2):117-122. 18. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Guia prático – exercício físico e obesidade. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2021/08/GuiaAtividadeV4-CapaB.pdf. Acesso em julho de 2023. 19. Cava E, Yeat NC et al. Preserving Healthy Muscle during Weight Loss. Adv Nutr. 2017 May 15;8(3):511-519. 20. Rejnmark L. Effects of vitamin d on muscle function and performance: a review of evidence from randomized controlled trials. Ther Adv Chronic Dis. 2011 Jan;2(1):25-37. 21. Dattilo M, Antunes HK et al. Sleep and muscle recovery: endocrinological and molecular basis for a new and promising hypothesis. Med Hypotheses. 2011 Aug;77(2):220-2. 22. Pedrosa RG, Donato Junior J et al. Dieta rica em proteína na redução do peso corporal. Rev. Nutr. 2009 Feb;22(1):105-111. 23. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884. 24. Daghlas I, Nassan M et al. Genetically proxied lean mass and risk of Alzheimer’s disease: mendelian randomisation study. BMJ Medicine. 2023;2:e000354.

BR23OB00100 – Setembro/2023

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