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IMC é importante, mas não deve ser único parâmetro para definir obesidade

Você já parou para pensar em como profissionais de saúde diagnosticam a obesidade e sobrepeso? A forma mais comum de classificar sobrepeso e obesidade em adultos é por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é a divisão do peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros)¹.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Você já parou para pensar em como profissionais de saúde diagnosticam a obesidade e sobrepeso? A forma mais comum de classificar sobrepeso e obesidade em adultos é por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é a divisão do peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros)1.

A métrica, criada no século 19 por um matemático, foi adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no final dos anos 1990 como um indicador de categorias de peso¹.

Entretanto, a Associação Médica Americana (AMA) publicou, em junho de 2023, uma diretriz em que recomenda aos profissionais de saúde a não se basearem apenas no IMC para diagnosticar e classificar sobrepeso e obesidade².

Segundo a instituição, a métrica não deve ser o único parâmetro porque não leva em consideração outras variantes, como distribuição de gordura pelo corpo, massa muscular, densidade óssea, faixa etária e diferenças de etnia e de gênero².

A medida é considerada imprecisa se utilizada isoladamente, porque uma pessoa com muito músculo e pouca gordura pode ter o mesmo IMC de uma pessoa com obesidade. O índice também não leva em consideração a distribuição da gordura: quando o excesso está localizado na parte superior do corpo, mais precisamente na região abdominal, há um maior risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 do que quando a gordura se acumula nos quadris e nas coxas².

De acordo com um estudo norte-americano apresentado no congresso de endocrinologia ENDO 2023, 36% dos quase 10 mil participantes tinham obesidade, segundo o cálculo do IMC. Porém, ao analisar as medidas de percentual de gordura corporal total, esse índice saltou para 74%³. Por isso, segundo a AMA, é importante que a avaliação do excesso de peso seja realizada de forma individual e leve em consideração aspectos mais abrangentes, como medidas de gordura visceral, índice de adiposidade corporal, circunferência da cintura, fatores genéticos e metabólicos, entre outros².

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A fórmula para calcular o IMC é a divisão do peso pela altura ao quadrado, ou seja:

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Como exemplo, uma pessoa que pesa 90 kg e possui uma altura de 1,60 m possui o IMC de aproximadamente 35. A conta para se chegar a esse resultado foi a seguinte:

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O resultado indica em que faixa a pessoa se encontra de acordo com a classificação do IMC, conforme a imagem abaixo. Nesse exemplo, o IMC de 35,15 representa obesidade grau II.

18,5 ou menos – Abaixo do normal
Entre 18,5 e 24,9 – Normal
Entre 25,0 e 29,9 – Sobrepeso
Entre 30,0 e 34,9 – Obesidade grau I
Entre 35,0 e 39,9 – Obesidade grau II
Acima de 40,0 – Obesidade grau III

Outras formas de avaliação

O IMC é, geralmente, o primeiro passo no diagnóstico de sobrepeso e obesidade. Outras formas de avaliação também podem ser consideradas. Confira algumas delas:

Circunferência abdominal: Idealmente, a medida da circunferência abdominal não deve ultrapassar 88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens, porém a OMS alerta que se o índice for superior a 80 cm em mulheres e 94 cm em homens, já há um risco maior de doenças ligadas ao coração⁵.

Relação cintura-quadril: O índice é obtido pela divisão da circunferência da cintura pela estatura e, se for maior de 0,85, representa gordura acumulada na região central do corpo. Homens que possuem esse índice acima de 1,0 e mulheres acima de 0,85 têm maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer².

Bioimpedância: o exame de composição corporal, chamado bioimpedância, calcula o percentual de gordura, massa magra, água, densidade óssea, entre outros⁶-⁷.

Medição de dobras cutâneas: As medidas de dobras cutâneas, feitas com um aparelho chamado adipômetro, são usadas para caracterizar a espessura da gordura subcutânea em várias regiões do corpo. Esses valores são somados para definir o percentual de gordura e de massa magra².

Exames laboratoriais e de imagem: Alguns exames laboratoriais são importantes para avaliar o estado de saúde da pessoa com obesidade, como colesterol, triglicérides, glicemia, funcionamento da tireoide, gordura do fígado, entre outros. Entre os exames de imagem, estão ultrassonografia abdominal e a densitometria de corpo inteiro (que estima o percentual de gordura corporal total)²-⁶-⁷.

Circunferência do pescoço: A circunferência do pescoço também pode ser medida para avaliar se existe um maior risco de desenvolver doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 ou apneia do sono (distúrbio que faz com que a respiração pare e retorne algumas vezes enquanto a pessoa está dormindo)⁶-⁷.

Tratamento

Por ser uma doença crônica, a obesidade precisa de tratamento de longo prazo, que inclui mudanças de hábitos, como alimentar-se de forma balanceada e praticar exercícios físicos com frequência. Pode ainda envolver o uso de medicamentos e, até mesmo, a cirurgia bariátrica.

A jornada de perda de peso tem um melhor resultado quando é acompanhada por uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais da medicina, nutrição, psicologia e educação física, que irá avaliar o estado de saúde como um todo e indicar o melhor caminho a ser percorrido⁸.

Referências:
1.
 Komaroff M. For researchers on obesity: historical review of extra body weight definitions. J Obes. 2016;2016:2460285. 2. American Medical Association (AMA). Report of the council on science and public health. Disponível em https://www.ama-assn.org/system/files/a23-handbook-refcom-d.pdf#page=65. Acesso em junho de 2023. 3. Visaria A, et al. Discordance between body mass index and dual-energy x-ray absorptiometry-based adiposity measures among United States adults. ENDO 2023; Abstract OR10-01. 4. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Calculadora de IMC. Disponível em https://abeso.org.br/obesidade-esindrome-metabolica/calculadora-imc/. Acesso em junho de 2023. 5. World Health Organization (WHO). Waist-circumference and waist-hip ratio: report of a WHO expert consultation. Disponível em https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44583/9789241501491_eng .pdf. Acesso em junho de 2023. 6. Blocker WP Jr, Ostermann HJ. Obesity: evaluation and treatment. Dis Mon. 1996 Dec;42(12):829-73. 7. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016. Disponível em https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf. Acesso em junho de 2023. 8. Mendes AA, Ieker ASD et al. Multidisciplinary programs for obesity treatment in Brazil: A systematic review. Rev. Nutr. 2016 Nov-Dec; 29(6):867-884.

BR23OB00085 – Agosto/2023

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