A relação entre obesidade e menopausa é uma via de mão dupla : se, de um lado, as mudanças hormonais do período favorecem o aumento de gordura corporal (especialmente na região abdominal), do outro, a obesidade também pode influenciar – e intensificar – os sinais e sintomas que antecedem a menopausa e a fase que vem depois dela (pós-menopausa). Entenda mais sobre essa relação e como lidar com o ganho de peso na menopausa.  

O que é a menopausa?

A menopausa é um acontecimento normal. É definida como a última menstruação da mulher, e marca a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Antes mesmo de a menopausa ocorrer, podemos começar a identificar algumas mudanças e sintomas, causados pela queda e pela oscilação na produção dos hormônios pelos ovários, a exemplo:

• Fogachos (calores repentinos);
• Alteração na frequência da menstruação;
• Alterações de sono;
• Labilidade emocional;

A falta de informação e de acesso a tratamentos para esse período faz com que a menopausa tenha grande impacto na qualidade de vida da mulher. Estima-se que aproximadamente 80% delas sentirão os calores, mas apenas de 20% a 30% procurarão tratamento adequado.

Ganho de peso na menopausa: por que isso pode acontecer?

Estudos estimam que, após a menopausa, ocorra um acúmulo de meio quilo por ano. No entanto, ainda não está claro se o aumento de peso ocorre em decorrência de alterações que ocorrem com a evolução da idade, ou como resultado direto das alterações hormonais.

Outras evidências científicas mostram ainda que, no período pós-menopausa, as mulheres têm um aumento na circunferência abdominal e elevação no índice de gordura corporal. Alguns fatores podem contribuir para isso:

Diminuição do estrogênio - a redução na produção do hormônio sexual estrogênio já na fase que antecede a menopausa altera o equilíbrio metabólico e predispõe ao acúmulo de gordura, especialmente na região da barriga.

Além disso, as células receptoras do estrogênio no organismo também se apresentam alteradas após a menopausa. Como consequência, pode acontecer um aumento na percepção de fome e a diminuição do metabolismo, o que também contribui para o aumento de peso.

Alterações nos hormônios relacionados à fome - além do efeito da queda do nível de estrogênio na percepção de fome, os níveis de outros hormônios ligados à sensação de saciedade também sofrem alterações no climatério. Estudos científicos já mostraram, por exemplo, que mulheres no climatério tiveram um aumento da grelina, hormônio da fome, e uma redução nos níveis da adiponectina, substância que melhora a atividade da insulina e previne o diabetes tipo 2.

Diminuição de gasto energético - um estudo científico feito na Inglaterra mostrou que mulheres na pós-menopausa apresentam uma taxa de gasto energético menor do que aquelas que ainda estão em idade fértil. Contudo, ainda não se sabe se a causa seria apenas pela redução da prática de atividades físicas, por parte de mulheres nesse período.

Como a obesidade pode influenciar a menopausa?

Se, de um lado, as mudanças hormonais podem ser capazes de influenciar o ganho de peso/acúmulo de gordura corporal na mulher, do outro, a obesidade também pode acentuar os sintomas da pré e pós-menopausa.

Os médicos já sabem, por exemplo, que mulheres com obesidade - isso é, índice de massa corporal (IMC) maior do que 30 - podem ter um agravamento dos sintomas típicos da menopausa, em especial, dos fogachos.

Além de impactar de forma negativa a qualidade de vida da mulher, o excesso de peso também traz diversos riscos à saúde, como doenças cardiovasculares e problemas articulares pelo excesso de sobrecarga em articulações e musculatura.

Como evitar o ganho de peso na menopausa?

Para reduzir os riscos de ganho de peso e obesidade na pré e pós-menopausa, o ideal é aumentar o gasto energético e reduzir a ingestão de calorias. Para isso, as recomendações incluem:

É importante ter em mente que a menopausa não é, e nem deve ser encarada, como uma fase de mudanças negativas para a mulher. Com bons hábitos de saúde e acompanhamento médico adequado é possível ter bem-estar em qualquer fase da vida.

• Prática de atividade física - ajuda na perda e manutenção do peso, diminuindo o risco para doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta e colesterol elevado em mulheres nessa fase da vida.
• Alimentação saudável - a adoção de uma alimentação equilibrada é importante para a manutenção do peso para todos, mas especialmente para as mulheres na fase da menopausa – que apresentam naturalmente um gasto energético menor do que durante as primeiras décadas de vida. Uma dica é preferir alimentos in natura ou minimamente processados aos alimentos industrializados e fast foods, que contêm altos índices de gordura e sódio. O ideal é consultar um profissional nutricionista para que ele possa avaliar o gasto energético e criar um cardápio para ajudar na adaptação de hábitos saudáveis.
• Terapia hormonal - mesmo tendo bons resultados, a opção por receber terapia hormonal deve ser individualizada e orientada por um médico, já que nem todas as mulheres estão aptas a receber o tratamento (de acordo com o histórico de saúde e familiar).