A apneia do sono é uma das condições associadas à obesidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, cerca de 70% das pessoas com sobrepeso e até 80% das pessoas com obesidade grau 3 têm o distúrbio. Se não for tratada corretamente, a apneia do sono pode causar problemas cardiovasculares, respiratórios e impotência sexual, entre outras questões de saúde.

O que é apneia do sono?

A apneia é um distúrbio caracterizado por pausas respiratórias de até 10 segundos durante o sono. Em casos mais severos, essas pausas podem chegar a até um minuto e trazer consequências graves. Quando dormirmos, a musculatura da garganta fica relaxada e acontece a queda da língua e deslocamento posterior da mandíbula. A apneia do sono ocorre quando há a obstrução repetitiva da garganta, impedindo a passagem de ar.

A apneia só é interrompida quando a pessoa desperta para que a musculatura retome a força que mantém a garganta aberta, até que ela volte a dormir e repita o ciclo algumas vezes durante a noite. A quantidade de vezes em que a apneia do sono ocorre por hora determina qual o grau da condição, que pode ser de leve a grave:

    ✓ Grau leve - de 5 a 15 ocorrências por hora;

    ✓ Grau normal - até 5 ocorrências por hora;

    ✓ Grau moderado - de 15 a 30 ocorrências por hora;

    ✓ Grau grave - mais de 30 ocorrências por hora.

A apneia do sono é bastante comum em pessoas com sobrepeso de qualquer idade, mas prevalece em homens com excesso de peso com idade entre 40 e 60 anos.

Sintomas da apneia do sono

Os principais sintomas da apneia do sono são:

• Ronco durante o sono.
• Redução da memória, atenção e raciocínio.
• Impotência sexual.
• Dor de cabeça ao acordar causada pela queda de oxigenação no cérebro.
• Dor no peito, sensação de sufocamento e estado ofegante ao acordar.
• Cansaço excessivo durante o dia, devido às interrupções no sono.

Como o excesso de peso pode causar a apneia do sono?

O excesso de peso cria depósitos de gordura no pescoço chamados de gordura faringeal, que pode bloquear a garganta quando ela já está relaxada durante o sono. É por isso que o ronco é um dos sintomas mais comuns da apneia do sono, já que o ar está sendo espremido através de uma via aérea restrita.

Além disso, o aumento da circunferência abdominal causada pelo excesso de gordura pode comprimir a parede torácica, diminuindo o volume pulmonar. A capacidade pulmonar reduzida diminui o fluxo de ar, fazendo com que as vias aéreas superiores fiquem mais propensas a entrar em colapso durante o sono.

Além da obesidade, outros fatores podem contribuir para o desenvolvido da apneia do sono:

• Tabagismo e consumo de álcool;
• Amídalas e adenoides muito grandes. As amídalas e as adenoides fazem parte do mecanismo de defesa contra substâncias e micro-organismos que causam alergia.
  As amídalas ficam nas extremidades entre o céu da boca e a língua, enquanto as adenoides se situam logo atrás do nariz e acima do palato mole;
• Sedentarismo, que traz como consequência o aumento da gordura corporal.

A apneia do sono pode causar outros problemas de saúde?

Além do sono de má qualidade, a apneia pode causar problemas sérios de saúde e aumentar o risco de morte. As complicações são:

    ✓ Queda da oxigenação no sangue;

    ✓ Aumento do batimento cardíaco e pressão arterial;

    ✓ Desenvolvimento de doenças cardíacas (aterosclerose, crescimento do coração e hipertensão arterial);

    ✓ Infarto;

    ✓ Derrame cerebral.

Como o diagnóstico de apneia do sono é feito?

O diagnóstico de apneia do sono é feito com exames físicos e de polissonografia, além da análise do histórico clínico do indivíduo. Para realizar a polissonografia, é necessário passar a noite inteira na unidade de saúde para que o sono seja monitorado.

O monitoramento registra as atividades cerebrais e cardiovasculares por meio de eletrodos, além dos gases presentes no sangue, o fluxo de ar dos pulmões, o esforço respiratório, movimentos dos olhos, pernas, tórax e fluxo no nariz.

Qual o tratamento de apneia do sono?

O tratamento de apneia do sono é feito a longo prazo e leva em consideração vários fatores, como o índice de apneia-hipopneia (IAH, que é o número de vezes em que há parada de respirar ou diminuição da frequência respiratória) da polissonografia, o grau de queda da oxigenação do sangue e o histórico clínico do indivíduo. A redução dos sintomas da apneia pode ocorrer por meio da perda de peso com o tratamento da obesidade, tratamentos comportamental e físico e procedimentos cirúrgicos, quando necessário.

É necessário se consultar com um médico para que ele indique o melhor tratamento para cada caso. Entretanto, um dos mais utilizados e eficazes é o uso do CPAP (a sigla significa “pressão positiva contínua nas vias aéreas”), um equipamento que emite fluxo de ar ininterruptamente para as narinas do paciente por meio de uma máscara. Além dos tratamentos médicos, boas práticas de higiene do sono podem ajudar a reduzir os sintomas, por exemplo:

    ✓ Evitar o consumo excessivo de álcool;

    ✓ Evitar refeições pesadas antes de dormir;

    ✓ Evitar fumar no mínimo 4 horas antes de dormir;

    ✓ Dormir ao menos 8 horas por noite;

    ✓ Tentar dormir com uma inclinação de 15 a 20 cm;

    ✓ Evitar bebidas cafeinadas no mínimo 4 horas antes de dormir;

    ✓ Dormir com a cabeceira elevada;

Na presença de qualquer sintoma de apneia do sono, é importante procurar um especialista para que ele avalie e trate das causas do problema. Assim, é possível garantir qualidade de vida e evitar complicações futuras.