Qual a relação entre as doenças autoimunes e a obesidade
Imagine o seu próprio corpo agindo contra ele mesmo. Esse é o princípio das doenças autoimunes, que ocorrem quando o sistema imunológico ataca as células saudáveis do organismo.
O verão chegou e, com ele, a corrida contra o tempo para perder os quilos indesejados.
Publicado em: 24 de fevereiro
Azia, gosto amargo na boca, queimação no peito: esses são alguns dos
sintomas do refluxo gastroesofágico, o retorno involuntário e
repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago. Você já deve ter
sentido essas sensações desagradáveis alguma vez na vida,
principalmente após uma refeição mais pesada¹.
O problema
é quando isso começa a acontecer com frequência, o que pode
caracterizar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), que afeta 12%
da população brasileira. Quem possui excesso de peso ou obesidade tem até 50% mais risco de desenvolver a
condição e também de apresentar complicações¹-²-³.
Quando
comemos, os alimentos mastigados na boca passam pela faringe, descem
pelo esôfago (um tubo que se estende pelo tórax, logo à frente da
coluna vertebral) e caem no estômago, situado no abdômen⁴.
Entre o esôfago e o estômago, existe um anel (esfíncter
gastroesofágico) que relaxa para dar passagem aos alimentos e se fecha
imediatamente para impedir que o suco gástrico retorne ao esôfago,
pois a mucosa que o reveste não está preparada para receber uma
substância tão irritante. O refluxo acontece quando o conteúdo do
estômago retorna ao tubo digestivo devido ao enfraquecimento desse
anel⁴-⁵.
Não há um consenso sobre as causas da DRGE, mas
já se sabe que o mau funcionamento do esfíncter gastroesofágico está
relacionado a múltiplos fatores biológicos, fisiológicos, emocionais e
comportamentais, como maus hábitos alimentares (alimentos muito
gordurosos e condimentados, excesso de cafeína e de bebidas alcoólicas
e gaseificadas, por exemplo) e falta de exercícios físicos⁴-⁵-⁸.
O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para diversos
distúrbios gastrointestinais, como doença inflamatória intestinal,
pancreatite, esteatohepatite associada à disfunção metabólica (MASH), câncer, entre outros⁶-⁷.
No
caso da doença do refluxo gastroesofágico, o excesso de peso,
principalmente o aumento da circunferência da cintura, exerce um
aumento da pressão abdominal, o que leva ao relaxamento do
esfíncter⁶-⁷.
A obesidade também está associada à hérnia
de hiato (deslocamento do estômago em direção ao esôfago), um fator de
risco para a DRGE. Importante destacar que a obesidade está
frequentemente associada a padrões alimentares não saudáveis (entre outras causas que vão além da dieta), o que
também pode provocar e piorar o refluxo⁶-⁷.
O refluxo pode provocar azia, regurgitação, dor no peito,
comprometimento vocal, complicações respiratórias e até dentárias,
pois o retorno de substâncias ácidas pode alcançar a boca, dentes,
laringe e pulmões³.
Com o tempo, se a doença não for
tratada corretamente, o refluxo prolongado pode evoluir para problemas
mais graves, como esofagite (irritação crônica da mucosa do esôfago),
úlcera e estenose (obstrução da passagem do esôfago)³.
Outras complicações são esôfago de Barrett (alteração no tecido do
esôfago causada pela inflamação crônica), que pode levar a
câncer de esôfago⁷-⁸-⁹.
O diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico é feito por meio
de exame clínico e de imagem, como por exemplo endoscopia digestiva
alta¹.
Assim que a condição é identificada, inicia-se o
tratamento recomendado, que tem como objetivo aliviar os sintomas,
cicatrizar as lesões da mucosa do esôfago e prevenir o desenvolvimento
de complicações. A critério médico, pode ser indicado o uso de
medicamentos e, em alguns casos, cirurgia¹.
Estudos
realizados entre pessoas com obesidade e DRGE mostraram que a
gravidade dos sintomas da DRGE, bem como o peso corporal, melhoraram
após mudanças no estilo de vida e a consequente perda de peso⁶. Para
ajudar nisso, o tratamento mais indicado é o multidisciplinar, composto por médico, psicólogo,
nutricionista e educador físico⁹.
Outros hábitos que
contribuem para reduzir os sintomas do refluxo são³-⁴:
•
manter uma alimentação equilibrada e evitar alimentos que predispõem
ao refluxo, como café, chás, refrigerantes, comidas gordurosas e
condimentadas, frutas cítricas e chocolate;
• evitar ingerir
líquidos durante as refeições;
• não se deitar logo após uma
refeição: o ideal é aguardar de duas a três horas;
• elevar a
cabeceira da cama;
• fracionar as refeições: prefira fazer
várias refeições pequenas em vez de consumir uma grande quantidade de
alimentos de uma só vez.
Obesidade é Uma Doença Requer Tratamento
Especializado
Obesidade Aumenta o Risco de Doenças no
Figado
O Papel de Cada Profissional de Saúde
Referências
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https://bvsms.saude.gov.br/refluxo-gastroesofagico/ . Acesso em
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BR24OB00060 – Mar/2024 - Material destinado ao público em geral.