Imagine o seu próprio corpo agindo contra ele mesmo. Esse é o princípio das doenças autoimunes, que ocorrem quando o sistema imunológico ataca as células saudáveis do organismo. Estima-se que as doenças autoimunes afetem cerca de 8% da população mundial¹.

O sistema imunológico é o que garante proteção ao nosso organismo. É um sistema complexo, constituído por células e órgãos, como fígado, baço, gânglios linfáticos, medula óssea, entre outros. Juntos, eles funcionam como uma grande barreira de defesa contra doenças².

Não existe um consenso sobre o que desencadeia a autoimunidade, mas sabe-se que genética, meio ambiente, hormônios e estilo de vida têm influencia. Outros fatores que estão relacionados são o consumo excessivo de calorias e a obesidade³.

As mulheres são mais afetadas que os homens pelas doenças autoimunes. Cerca de 80% dos casos são de mulheres em idade reprodutiva. Um estudo da Science Signaling, publicado em 2018, mostrou que existe uma relação entre o estrogênio, o hormônio feminino, e o desenvolvimento dessas doenças³-⁴.

O que a obesidade tem a ver com as doenças autoimunes?

O tecido que armazena a gordura, chamado de adiposo, produz substâncias que geram um estado de inflamação crônica no organismo – consequentemente, à medida que se aumenta a gordura corporal, maior será esse processo inflamatório³-⁵-⁶.

É aí que está a relação entre obesidade e doenças autoimunes. O aumento do tecido adiposo leva a um acúmulo de substâncias que são pró-inflamatórias, como leptinas e citocinas³-⁵-⁶. Isso gera uma sobrecarga no metabolismo que afeta a função das células imunológicas.

Em outras palavras, é como se elas perdessem a capacidade de identificar as reais ameaças e começassem a confundir os próprios tecidos saudáveis como inimigos, passando a atacá-los.

Outro fator que relaciona inflamação e obesidade é que o excesso de peso e o consumo de alimentos ricos em gordura também podem provocar um desequilíbrio da flora intestinal, que está relacionado a diversas doenças⁵-⁶

Tudo isso favorece o desenvolvimento de doenças autoimunes, como psoríase, artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla, doenças inflamatórias intestinais, entre outras. Pessoas com obesidade também costumam apresentar formas mais graves dessas doenças e responder de forma menos eficaz ao tratamento⁵-⁶.

Quais as doenças autoimunes mais comuns?

Existem mais de 80 tipos, sendo a inflamação um componente muito comum entre elas.
Os tecidos e órgãos afetados terão impacto no modo como a doença se desenvolve, na gravidade e nas formas de tratamento. Conheça algumas delas:

DIABETES TIPO 1: o sistema imunológico ataca as células que produzem insulina no pâncreas, fazendo com que a pessoa não produza mais esse hormônio (que regula a quantidade de açúcar no sangue) e precise tomar medicamentos para o resto da vidas.

LÚPUS: é uma doença inflamatória autoimune que pode prejudicar quase todos os órgãos do corpo, como pele, articulações, rins e cérebro°.

PSORIASE: é uma condição crônica que afeta a pele, caracterizada por manchas rosadas ou avermelhadas, cobertas por escamas esbranquiçadas

ESCLEROSE MÚLTIPLA: é uma doença que prejudica o cérebro, a medula e o sistema nervoso central. Os sintomas variam, mas os mais comuns são problemas na visão, fraqueza muscular e alterações emocionais e cognitivas.

ARTRITE REUMATOIDE: costuma provocar dor e inflamação nas articulações, principalmente das mãos e dos pés.

DOENÇA CELÍACA: é uma dificuldade do organismo de absorver os nutrientes de alimentos que contenham glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados, como massas, bolos, pães, cerveja etc.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento das doenças autoimunes?

O diagnóstico das doenças autoimunes é complexo, pois os sintomas variam muito e podem ser os mesmos de outras condições, como infecção, febre baixa, cansaço, manchas no corpo, dor nas articulações, entre outros mais específicos. Por isso, é importante ficar atento aos sinais de seu corpo e procurar ajuda médica o quanto antes¹⁴-¹⁵.

Não existe cura para as doenças autoimunes, mas é possível controlar os sintomas com medicamentos e outras terapias e impedir sua progressão, mantendo a qualidade de vida do paciente¹⁴-¹⁵.

Hábitos de vida saudáveis também contribuem para o tratamento, como alimentação balanceada, rotina regular de exercícios físicos e redução do excesso de peso. Pacientes com uma doença autoimune têm uma maior probabilidade de desenvolver outras condições desse tipo, por isso o tratamento multidisciplinar, composto por médico, psicólogo, nutricionista e educador físico, é o mais indicado¹⁴-¹⁵.

 

Saiba mais:

Obesidade em numeros.

Alimentos ultra processados.

O papel de cada profissionalde saude.