Obesidade é fator de risco para problemas de circulação
A obesidade é uma doença associada a mais de 200 complicações, como problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC).
A obesidade é uma doença associada a mais de 200 complicações, como problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral (AVC)¹. No entanto, algumas pessoas ainda não relacionam o excesso de peso a problemas de circulação sanguínea, como varizes e trombose.
Publicado em: 24 de fevereiro
O sistema circulatório, também conhecido como sistema vascular, é, sim, afetado pelo sobrepeso e pela obesidade. Isso porque a gordura em excesso leva a alterações que prejudicam os vasos, como resistência à insulina (quando esse hormônio produzido pelo pâncreas não consegue transformar o açúcar em energia, aumentando o risco de diabetes tipo 2); hipertensão arterial; e aumento de colesterol e triglicérides (gorduras presentes no sangue)²-³.
Por fim, quem tem excesso de peso tende a reter muito sódio no organismo, o que contribui para o acúmulo de líquidos e é mais um fator que prejudica a circulação⁹.
Todos esses fatores, além do excesso de tecido adiposo (que armazena gordura) por si só, desencadeiam um estado de inflamação constante no organismo que favorece o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos (aterosclerose). O comprometimento da passagem por entupimento, pode causar doenças vasculares no coração, no cérebro e em outras partes do corpo, como as pernas.
Obstáculos no percurso do sangue
Dependendo da região do corpo onde a artéria está entupida, essa condição pode causar infarto, morte súbita, AVC e danos aos membros inferiores, que vão desde dor e fraqueza nas pernas e pés, até feridas que não cicatrizam e gangrena (morte de um tecido por falta de fluxo sanguíneo)4-5-6-7.
Outro impacto negativo da obesidade na circulação é que o excesso de tecido adiposo exerce uma pressão adicional nas veias e nos vasos sanguíneos, dificultando o retorno do sangue da região inferior do corpo ao coração. Essa sobrecarga no retorno venoso exige que o coração trabalhe mais intensamente para bombear o sangue através do corpo, a fim de manter uma circulação adequada4-5-6-7-8.
Além disso, à medida que o coração luta para combater a resistência vascular aumentada devido ao excesso de peso, os fluidos podem se acumular nos tecidos, resultando em inchaço, especialmente nos membros inferiores.
Conheça as doenças associadas à obesidade e à má circulação
Entre as condições relacionadas à obesidade e à má circulação, está a insuficiência venosa crônica, um conjunto de manifestações clínicas causadas por problemas no sistema circulatório, sendo as varizes a mais frequente. A insuficiência venosa crônica é bastante comum: estudos apontam que até 80% da população pode apresentar graus leves¹⁰.
O mau funcionamento do retorno venoso dificulta a volta do sangue das pernas para o coração e ele acaba se acumulando nas veias dos membros inferiores. Por conta disso, elas se dilatam e se deformam, causando varizes nas pernas¹⁰-¹¹-¹²-¹³
A condição pode causar queimação, formigamento, coceira, sensação de peso, inchaço e dores nas pernas. Além da obesidade, o sedentarismo é um fator agravante, pois diminui a eficiência da bomba muscular da panturrilha, contribuindo para que o sangue fique acumulado nas veias das pernas¹⁰-¹¹-¹²-¹³.
A insuficiência venosa crônica está associada a uma maior estase de sangue nas veias (uma espécie de engarrafamento sanguíneo) e isso pode favorecer o surgimento de trombose venosa, ou seja, a formação de coágulos que impedem o fluxo de sangue. O excesso de peso pode agravar a situação: uma circunferência de cintura acima de 100 cm confere um risco quatro vezes maior de trombose.¹⁴-¹⁵
A condição pode acontecer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum nos membros inferiores. Se não for tratada, pode levar à embolia pulmonar – quando o coágulo que está dentro da veia se desprende e pode ir parar no pulmão, causando complicações respiratórias¹⁴-¹⁵.
Vale também citar o lipedema, uma doença vascular que se caracteriza por inchaço e acúmulo de gordura, principalmente nos membros inferiores. É mais comum entre mulheres e, frequentemente, é confundida com sobrepeso ou obesidade. No entanto, são condições diferentes. A gordura do lipedema é subcutânea e costuma ser dolorosa. Também podem surgir hematomas, sensação de cansaço nas pernas e dificuldade de mobilidade¹⁶-¹⁷.
Importância de tratar a origem do problema
O tratamento das doenças vasculares é feito, geralmente, por um médico angiologista ou cirurgião vascular, e pode envolver medicamentos, aplicações de laser nos vasos, uso de meias de compressão e cirurgia. Porém, não adianta tratar as condições isoladamente: é necessário também cuidar do excesso de peso¹⁰-¹⁷-¹⁸.
Por ser uma doença crônica, a obesidade precisa de tratamento de longo prazo, que inclui mudanças no estilo de vida, alimentação balanceada e prática frequente de exercícios físicos. Tudo isso contribui para a perda de peso e, consequentemente, reduzem ou previnem o desenvolvimento de doenças vasculares¹⁰-¹⁷-¹⁸.
A jornada de perda de peso tem um melhor resultado quando é acompanhada por uma equipe multidisciplinar de profissionais qualificados, composta por médico, psicólogo, nutricionista e profissional de educação física, que irão avaliar o estado de saúde como um todo e indicar o melhor caminho a ser percorrido¹⁹.
Saiba mais:
Obesidade é uma doença que afeta o corpo inteiro
Lipedema pode ser confundido com obesidade
Referências:
1. Yuen M, Kadambi N et al. A systematic
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BR23OB00102 – Setembro/2023