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Alterações em exames de rotina podem indicar doenças relacionadas à obesidade

Algumas ameaças para a nossa saúde são invisíveis. Quer alguns exemplos? Não é comum ter sintomas quando a nossa taxa de colesterol está um pouco alta, quando nossa glicemia está acima do recomendado ou quando nossos triglicérides estão fora do padrão considerado normal1-2.

Publicado em: 24 de fevereiro

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Algumas ameaças para a nossa saúde são invisíveis. Quer alguns exemplos? Não é comum ter sintomas quando a nossa taxa de colesterol está um pouco alta, quando nossa glicemia está acima do recomendado ou quando nossos triglicérides estão fora do padrão considerado normal¹-².

Você não vê, mas alterações que aparecem em exames de sangue são alertas de que o excesso de peso, o sedentarismo e a má alimentação já estão causando danos ao organismo. Portanto, manter os exames de rotina em dia ajuda a identificar antecipadamente os riscos de desenvolver condições graves, como diabetes tipo 2, infarto e acidente vascular cerebral (AVC)¹-².

Perigos do colesterol elevado

O colesterol é uma gordura produzida pelo nosso corpo com a função de manter as células em funcionamento. Existem dois tipos: o LDL, conhecido como “colesterol ruim”, pois pode gerar o acúmulo de placas de gordura nas artérias; e o HDL, chamado de “colesterol bom”, porque atua na proteção do coração⁹.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a dosagem total de colesterol considerada normal é abaixo de 190 mg/dl, sendo que o LDL deve ser inferior a 130 mg/dl para a população em geral. Caso haja algum fator de risco, como obesidade, tabagismo e/ou hipertensão, os níveis precisam ser ainda mais baixos. Já o HDL recomendado é superior a 40 mg/dl2.

Dados da SBC mostram que 40% dos adultos no Brasil apresentam colesterol alto, mas 67% das pessoas desconhecem esse fato. O problema disso é que, quanto maior a concentração da fração LDL no sangue, maior será o acúmulo na parede interna das artérias3.

O depósito de gordura nas artérias vai formando placas, os ateromas, que podem obstruir a passagem de sangue. Esse processo é chamado de aterosclerose e é capaz de desencadear complicações, como infarto, AVC, entre outras³.

Entre os motivos da elevação nos níveis de colesterol, estão os hábitos alimentares não saudáveis, com o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans (presentes em alimentos de origem animal, como carnes, ovos, derivados do leite) e alimentos ultraprocessados (como comidas congeladas, biscoitos, salgadinhos, margarina, sorvete e outros)³.

Triglicérides alto também causa prejuízos

Assim como o colesterol, os triglicérides são gorduras produzidas pelo organismo, cujos índices também são impactados pela alimentação – sobretudo quando há consumo excessivo de carboidratos simples, como açúcar, massas brancas, arroz e batata, e alimentos gordurosos, como carnes, leite e queijos amarelos.

O nível recomendado de triglicérides é abaixo de 150 mg/dl, com jejum de 12 horas, enquanto sem jejum, o valor deve estar abaixo de 175 mg/dl, segundo a SBC2.

O aumento do nível de triglicérides no sangue também favorece o processo de aterosclerose, além de elevar o risco de pancreatite, inflamação do pâncreas que prejudica o seu funcionamento. Há também uma relação entre concentrações altas de triglicérides e esteatose hepática (NASH), conhecida como gordura no fígado – caracterizada por uma inflamação do órgão que pode evoluir para cirrose hepática ou até câncer⁴.

Riscos da glicemia alterada

A glicose, ou açúcar, é essencial para o nosso organismo, pois fornece energia para o seu funcionamento. No entanto, é muito importante que o seu nível esteja controlado, pois elevações nos parâmetros considerados normais podem levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 14,3 milhões de pessoas possuem a doença no país⁵-⁶-⁷.

Tudo começa com um quadro chamado resistência à insulina, quando esse hormônio produzido pelo pâncreas não consegue cumprir sua função de transformar o açúcar em energia. Como consequência, o órgão precisa trabalhar em dobro para produzir mais insulina. Se esse mecanismo não for revertido, o diabetes pode se instalar⁵-⁶-⁷.

Quando a doença não está controlada, os prejuízos podem ser inúmeros, como perda de visão, insuficiência renal, infarto, AVC, entre outros⁵-⁶-⁷.

A medição da glicose no sangue é feita pelo exame de glicemia. De acordo com a SBD, a glicemia considerada normal, realizada em jejum, deve estar entre 70 e 99 mg/dl. Valores acima de 100 mg/dl já podem configurar um quadro de pré-diabetes – ou diabetes se o nível for superior a 126 mg/dl⁵-⁶-⁷.

Vale lembrar que a obesidade por si só é um fator de risco para o diabetes tipo 2 porque o excesso de gordura corporal reduz a capacidade do organismo de usar a insulina para controlar os níveis de açúcar no sangue⁸.

Obesidade e síndrome metabólica

Estar com os níveis de colesterol, glicemia e triglicérides elevados é prejudicial a todos, mas quem tem sobrepeso ou obesidade precisa ficar ainda mais atento. Isso porque alterações nessas taxas associadas à gordura em excesso, principalmente aquela em torno da cintura, podem caracterizar a chamada Síndrome Metabólica¹-¹⁰.

Trata-se de um conjunto de alterações metabólicas e hormonais que podem incluir resistência à insulina, hipertensão arterial, aumento de colesterol e triglicérides e excesso de gordura abdominal¹-¹⁰.

Ela ocorre quando estão presentes três ou mais dos seguintes critérios: obesidade abdominal (cintura maior que 102 cm em homens e maior que 88 cm em mulheres); triglicérides igual ou superior a 150 mg/dl; HDL baixo (menor que 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres); hipertensão (ou seja, pressão arterial igual ou superior a 130/85 mmHg) e glicemia elevada (igual ou acima de 110 mg/dl em jejum)¹-¹⁰.

A síndrome metabólica contribui para o processo de inflamação do organismo e eleva o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e câncer11.

O segredo é a prevenção

A boa notícia é que, com cuidado profissional e individualizado, é possível alcançar metas realistas de perda de peso, capazes de impactar positivamente nos resultados dos seus exames.

Para se ter uma ideia, uma redução de 2,5% no peso corporal já é capaz de melhorar as taxas de colesterol e triglicérides. Ou seja, é razão de sobra para buscar ajuda e evitar prejuízos no futuro¹-².

Saiba mais:

Sobrepeso também faz mal a saúde

O IMC como ferramenta para o diagnóstico da obesidade

Referências:
1. 
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Obesidade e Síndrome Metabólica. Disponível em https://abeso.org.br/conceitos/obesidade-e-sindrome-metabolica/. Acesso em maio de 2023. 2. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. Disponível em http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRETRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf. Acesso em maio de 2023. 3. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). SBC alerta: controle do colesterol é fundamental para minimizar riscos de doenças cardiovasculares. Disponível em https://www.portal.cardiol.br/post/sbc-alerta-controle-do-colesterol-%C3%A9-fundamental-para-minimizar-riscos-de-doen%C3%A7as-cardiovasculares. Acesso em maio de 2023. 4. Packard CJ, Boren J, et al. Causes and consequences of hypertriglyceridemia. Front Endocrinol (Lausanne). 2020 May 14;11:252. 5. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diagnóstico e tratamento. Disponível em https://diabetes.org.br/diagnostico-e-tratamento/. Acesso em maio de 2023. 6. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Tipos de Diabetes. Disponível em https://diabetes.org.br/tipos-de-diabetes/. Acesso em maio de 2023. 7. Ministério da Saúde. Diabetes (diabetes mellitus). Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes. Acesso em maio de 2023. 8. Maggio CA, Pi-Sunyer FX. Obesity and type 2 diabetes. Endocrinol Metab Clin North Am. 2003 Dec;32(4):805-22. 9. Ministério da Saúde. Colesterol: o que isso quer dizer? Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2022/colesterol-o-que-isso-quer-dizer. Acesso em maio de 2023. 10. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Síndrome Metabólica. Disponível em https://www.endocrino.org.br/sindrome-metabolica/. Acesso em maio de 2023 11. Barbalho SM, Bechara MD et al. Síndrome metabólica, aterosclerose e inflamação: tríade indissociável? J Vasc Bras. 2015 Oct-Dec 14(4):319-327. 12. Ryan DH, Yockey SR et al. Weight loss and improvement in comorbidity: Differences at 5%, 10%, 15%, and over. Curr Obes Rep 2017 Jun; 6(2):187-194.

BR23OB00070 – Julho/2023

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